A caridade em primeiro lugar

*Imagem: site da Canção Nova
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Houve em Paris um Padre que se tornou o símbolo da caridade para o mundo. Sua existência foi totalmente dedicada a socorrer os pobres e sofredores. Nasceu em Pouy, nos arredores da capital francesa, a 23 de abril de 1581, e recebeu na Pia Batismal o nome de Vicente de Paulo. Tendo sido menino pobre, na infância teve a incumbência de cuidar de porcos. Desde cedo, sentindo um grande amor a Cristo e singular sensibilidade pelo próximo, fez seus estudos preparatórios e foi ordenado padre a 23 de setembro de 1600.

Observada sua grande caridade para com os empobrecidos, uma senhora viúva ofertou-lhe sua herança e um boa soma de dinheiro que estava em poder de uma pessoa na cidade de Marselha. Indo buscar o valor para acudir às suas obras de misericórdia, na viagem de volta o navio em que estava foi sequestrado por piratas anticristãos. O jovem Padre Vicente de Paulo foi vendido como escravo a fim de servir a infiéis e passou por sofrimentos e humilhações. Sendo vendido outra vez para um fazendeiro que havia traído a fé cristã e aderido a uma seita islâmica, Vicente foi agraciado por Deus, pois uma das três mulheres do fazendeiro, embora não fosse cristã, se encantava com os cânticos católicos que seu escravo cantava e acabou facilitando sua libertação, causando ainda a conversão de seu marido, que retornou à fé católica e entrou para um mosteiro, vivendo piedosamente até o fim de sua vida.

O Padre Vicente, voltando a Paris, pôde exercer livremente seu sacerdócio e praticar heroicamente sua caridade em favor dos pobres daquela cidade e região. Seu exemplo de amor a Deus e aos pequeninos despertou a admiração das autoridades monárquicas e ele foi nomeado Capelão da Rainha Margarida de Valois, que o encarregava de distribuir esmolas aos pobres. O Rei Henrique IV da França, gravemente doente, pediu a presença do Padre Vicente de Paulo para dar-lhe os últimos sacramentos e morreu em seus santos braços. Para atender aos pobres, Padre Vicente organizou muitas obras, entre elas a Confraria das Damas da Caridade, ajudado por Santa Luísa de Marilac, a Congregação da Missão para servir aos pobres e cuidar da formação dos futuros padres, e o Instituto das Filhas da Caridade. São Vicente de Paulo faleceu dia 27 de setembro de 1660. Foi canonizado pelo Papa Clemente XII a 16 de junho de 1737.

A figura emblemática de São Vicente de Paulo marcou a história da humanidade no século XVII e prossegue com seus reflexos nos tempos posteriores. No ano de 1833, Antônio Frederico Ozanam, eminente professor universitário em Paris, funda as Conferências Vicentinas que darão início à Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), hoje presente em todo o mundo, levando a caridade de São Vicente e o exemplar amor de Cristo aos mais necessitados. Sua forma de agir é genuinamente cristã, por quanto os vicentinos nada fazem para serem vistos ou louvados, mas têm como regra a máxima de Jesus: “Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita” (cf. Mt 6, 3).

A SSVP está presente em Juiz de Fora há mais de cem anos com inúmeras conferências. A primeira delas foi a Conferência Santo Antônio, fundada em 1894. Com o crescimento do número de vicentinos, em 1964, foi organizado o Conselho Metropolitano, que hoje conta com nove Conselhos Centrais, 76 Conselhos Particulares, 485 conferências e cerca de 4.300 vicentinos na região.

É justo dizer que na Zona da Mata nenhum grupo humano tem servido tanto aos pobres quanto a SSVP.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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