Arquivo Histórico

Dom Silvério Gomes Pimenta – 1º Arcebispo de Mariana (1896-1922)

A Diocese de Juiz de Fora foi criada em 1924, tendo seu território desmembrado da Arquidiocese de Mariana. A instalação canônica só ocorreu um ano depois, com a chegada do seu primeiro Bispo. Com a criação da Cúria Diocesana, organizada pelo Monsenhor Domício de Paula Nardy, sacerdote pertencente ao clero marianense, o Arquivo Diocesano passou a funcionar de acordo com as normas e funções que regem os arquivos curiais. A sua incumbência principal é a de salvaguardar todo o acervo documental de valor permanente, produzido e acumulado administrativa e pastoralmente pela Igreja Particular de Juiz de Fora.

A preocupação com a criação dos arquivos eclesiásticos, presentes nas cúrias, paróquias, congregações religiosas é muito antiga na Igreja Católica Romana. O entendimento da necessidade do registro de sua caminhada entre os homens demonstra a consciência da importância da memória, no sentido de garantir às gerações vindouras, as marcas de seu passado e de seu presente, sem as quais não se poderia constituir uma identidade própria. Cabe às “instituições memória”, como arquivos e bibliotecas, um papel fundamental e decisivo para a sociedade, de salvaguardar parcelas da vivência humana, no presente e no passado, num processo constante e inexorável de construção dessa memória. Por essa razão a Igreja, em sua longa existência, sempre demonstrou preocupação com os arquivos eclesiásticos, expressa em inúmeros documentos pontifícios e episcopais, orientando e chamando a atenção para a importância fundamental dos mesmos, não apenas para a vida integral dos homens, mas também para a vida da própria Igreja.

O Código de Direito Canônico, presente em nosso país desde 1917, resumidamente é um corpo de leis que regulam e disciplinam a vida e a convivência dentro da Igreja. Hoje o que está em vigor é o promulgado em 1983, que dispõe vários cânones relativos aos arquivos contendo preciosas recomendações para as igrejas católicas de todo o Brasil. Vale lembrar o pensamento iluminado de João Paulo II sobre o significado do C.D.C para a Igreja “… o objetivo do Código de Direito Canônico não é, de forma alguma, substituir, na vida da Igreja e dos fiéis, a fé, a graça, os carismas, nem muito menos a caridade. Pelo contrário, sua finalidade é, antes, criar na sociedade eclesial uma ordem que, dando a primazia ao amor, à graça e aos carismas, facilite ao mesmo tempo seu desenvolvimento orgânico na vida, seja da sociedade eclesial, seja de cada um de seus membros.”

Decorridos quase 30 anos de sua promulgação, com o avanço tecnológico alcançado pela sociedade civil, pelos meios de comunicação e pela chamada Arquivística, os arquivos eclesiásticos enfrentam hoje o desafio necessário à sua modernização. Como organismos de custódia do precioso patrimônio documental eclesial, clamam pelo estabelecimento de uma política nacional adequada a sua realidade de Igreja, em consonância com as normas técnicas da moderna Arquivologia, tão necessária para a normatização e padronização de procedimentos técnicos e canônicos para todos os arquivos eclesiais presentes em nosso país, além de ser capaz de garantir a salvaguarda criteriosa e o tratamento técnico correto aos seus acervos documentais.

Dentro da Igreja Católica Romana, todas as igrejas quando criadas, inclusive suas Dioceses, têm como norma respeitada e cumprida, a implantação de seus arquivos. A Cúria Diocesana, centro do governo religioso, tem portanto, a incumbência de governar pastoralmente o seu rebanho. Por essa razão, aqui em Juiz de Fora, como município sede, ela foi o local onde as primeiras medidas governamentais da nova Diocese foram tomadas. Instalou-se a princípio, em caráter provisório, à rua do Progresso, atual rua Santos Dumont no bairro Granbery, transferindo-se depois para o grande salão do pavimento térreo da igreja Catedral.

No mesmo ano da chegada do primeiro Bispo -1925, Monsenhor Nardy foi nomeado vigário geral da Diocese. O primeiro secretário do Bispado, padre Gustavo Coimbra Freire (julho a dezembro de 1925), manteve-se no cargo até o padre José Carolino de Menezes ocupá-lo no final de 1925, atuando até outubro de 1930. Este, retornou e permaneceu durante o período de maio a dezembro de 1932. Nesse momento, foi elaborado um inventário geral dos bens do novo Bispado, incluindo os arquivos.

O Monsenhor José Ferrer Ribeiro de Affonseca exerceu o cargo de vigário geral da Diocese durante 32 anos. Ele permaneceu como secretário do Bispado, de dezembro de 1934 a fevereiro de 1937, dedicando-se inclusive ao arquivo nesse período. Graças ao seu persistente trabalho, o arquivo foi organizado e mantido dentro das normas canônicas.

Também estiveram responsáveis pelo arquivo, cuidando do acervo permanente, os padres Rui Nunes Vale e o Cônego Lauro Neves. Vale ainda ressaltar o trabalho de grande valor, prestado por Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier por cerca de 40 anos à frente do Arquivo. Este, mesmo sem conhecimento da técnica arquivística, deixou marcas de intensa sensibilidade no trato da massa documental, especialmente com relação à consciência da necessidade de preservação das fontes históricas como marcos identificadores da memória e da trajetória da Igreja de Juiz de Fora.

 

Nos últimos anos, o Arquivo Arquidiocesano vem crescendo mais rapidamente, beneficiado pela política interna da Igreja de Juiz de Fora de reconhecimento da importância de suas atribuições para a memória e para a história institucional na região, passando pelo desenvolvimento de políticas de proteção de seus arquivos, recolhimento de acervos e adequação das normas arquivísticas na organização de seus conjuntos documentais. O atual Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, com sólida formação na área de História pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, vem envidando esforços para que o Arquivo Arquidiocesano alcance um alto padrão técnico de acordo com as normas da moderna Arquivologia. Preocupado com a conservação preventiva do acervo, dotou este setor dos equipamentos necessários ao controle da ambiência (climatização da área de guarda), para o qual é mantido um monitoramento diário da temperatura e da umidade relativa do ar.

Com a finalidade de subsidiar pesquisas internas e complementar pesquisas externas, o Arquivo mantém uma biblioteca de apoio com títulos importantes na área de história da Igreja, do município e região, além de publicações técnicas específicas de arquivo. O Arcebispo está propiciando ainda melhores condições para o desenvolvimento e consolidação de uma política própria voltada para o tratamento dos arquivos eclesiásticos da Igreja de Juiz de Fora, seja no âmbito curial, seja no âmbito paroquial.