Um domingo, duas capitais: o primeiro dia da viagem do Papa

O Papa Francisco chegando à Praça dos Heróis, em Budapeste, para celebrar a Eucaristia / Foto: Vatican Media
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Com a partida na manhã do último domingo (12), do aeroporto de Fiumicino, em Roma – onde o Papa Francisco chegou de carro da Casa Santa Marta pouco antes das 06h – teve início a 34ª Viagem Apostólica deste pontificado. Quatro dias, entre a Hungria e a Eslováquia, “marcados pela adoração e oração no coração da Europa”, segundo as intenções do próprio Pontífice, e confiados à intercessão de “tantos heroicos confessores da Fé” que na Hungria e na Eslováquia testemunharam o Evangelho “entre hostilidades e perseguição”.

E no voo de Roma a Budapeste, não faltou a saudação do Santo Padre às populações da Itália e da Croácia, os dois países sobrevoados. Ao presidente italiano Mattarella, os votos de “serenidade e generoso empenho pelo bem comum”, ao homólogo croata Zoran Milanovic a oração e a bênção pela paz e pelo bem-estar da nação.

Papa encoraja bispos da Hungria

Anunciar o Evangelho, ser testemunhas de fraternidade e construtores de esperança. Essas foram as três indicações centrais que o Papa Francisco deixou aos bispos da Hungria, ao reunir-se neste domingo, 12, com a Conferência Episcopal. O encontro foi no Museu das Belas Artes da capital Budapeste, no contexto de sua visita para o encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional.

O Papa considerou o cenário da Igreja na Hungria, com uma história marcada por uma fé inabalável, perseguições e sangue de mártires. Olhando para o passado, encorajou a caminhar para o futuro com o mesmo desejo dos mártires: viver a caridade e testemunhar o Evangelho.

Em especial, Francisco citou o exemplo das religiosas húngaras da Sociedade de Jesus, que precisaram deixar sua pátria por causa da perseguição religiosa. Na Argentina, fundaram o Colégio “Maria Ward”, em Plátanos, próximo a Buenos Aires. “Aprendi muito com sua força, coragem, paciência e amor à pátria; para mim foram um grande testemunho”, contou.

O Santo Padre pediu que os bispos não se esqueçam que no centro da vida da Igreja está o encontro com Cristo. Aqui reiterou o “não” à burocrática administração das estruturas e à busca de privilégios. Os bispos precisam ser servos, não príncipes, destacou.

“Fidelidade e paixão ao Evangelho. Sejam testemunhas e anunciadores da Boa Notícia, difusores de alegria, próximos aos padres e religiosos com coração paterno, exercitando a arte da escuta”.

Angelus em Budapeste

Ao final da Missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, o Papa Francisco rezou o Angelus com os fiéis reunidos na Praça dos Herois em Budapeste, na Hungria. Lembrando que Eucaristia significa “ação de graças”, Francisco deixou seu agradecimento aos cristãos húngaros e todos que o acolheram.

“Obrigado à grande família cristã húngara, que desejo abraçar nos seus ritos, na sua história, nos irmãos e irmãs católicos e doutras Confissões, todos a caminho rumo à plena unidade”, disse em suas palavras antes da oração mariana.

Francisco saudou o Patriarca Bartolomeu, presente na celebração. Agradeceu também aos bispos, padres, consagrados, fiéis, bem como às autoridades civis. “Um agradecimento especial a quem tanto trabalhou para a realização do Congresso Eucarístico e deste dia”.

O Santo Padre destacou que o sentimento religioso é a seiva vital da nação húngara, tão afeiçoada às suas raízes. E pontuou que a cruz plantada no solo exorta a manter firmes as raízes, mas sem entrincheiramentos, a beber nas fontes, abrindo-se aos sedentos. “O meu desejo é que sejais assim: alicerçados e abertos, enraizados e respeitadores. Isten éltessen [felicidades]!”.

Despedida da Hungria

Após celebrar a Missa conclusiva do 52º Congresso Eucarístico Internacional e rezar o Angelus na Praça dos Heróis, o Papa Francisco dirigiu-se ao Aeroporto Internacional de Budapeste onde foi acolhido pelo vice-primeiro-ministro, Sr. Zsolt Semjén. Não houve discursos. Depois de saudar o séquito local e a delegação húngara, o Santo Padre embarcou no avião da Alitália que decolou às 14h57, horário local, em direção à Bratislava, Eslováquia, próxima etapa da 34ª Viagem Apostólica de seu Pontificado.

O Papa na Eslováquia

Papa encontra fiéis eslovacos em frente à Catedral de São Martinho, em Bratislava / Foto: Vatican Media

Na tarde deste domingo (12), o Papa Francisco deixou o solo húngaro e se dirigiu para Bratislava, na Eslováquia, dando prosseguimento à sua 34ª viagem apostólica internacional.

Na Nunciatura Apostólica de Bratislava, o Pontífice encontrou-se com o Conselho Ecumênico das Igrejas na República Eslovaca.

“Este encontro é um sinal de que a fé cristã é – e quer ser – neste país semente de unidade e fermento de fraternidade”, disse Francisco que a seguir, acrescentou:

O caminho de suas comunidades pôde ser retomado após os anos da perseguição ateia em que a liberdade religiosa esteve impedida ou sujeita a dura prova. Agora, vocês têm em comum uma parte do caminho, experimentando como é belo, mas ao mesmo tempo difícil, viver a fé em liberdade. De fato, existe a tentação de voltar a ser escravos, não certamente de um regime, mas de uma escravidão ainda pior: a interior.

“Daqui, do coração da Europa, perguntemo-nos: Será que nós, cristãos, perdemos um pouco o ardor do anúncio e a profecia do testemunho? É a verdade do Evangelho que nos faz livres, ou então sentimo-nos livres quando alcançamos áreas de conforto que nos permitem gerir a vida e avançar tranquilos sem particulares contratempos? Contentando-nos com pão e segurança, será que não perdemos o ímpeto na busca da unidade que Jesus implorou, uma unidade que certamente requer a liberdade madura de opções fortes, renúncias e sacrifícios, mas é a premissa para que o mundo creia? Não nos preocupemos apenas com o que possa ser útil às nossas próprias comunidades; a liberdade do irmão e da irmã é também a nossa liberdade, porque, sem a dele e a dela, não será plena a nossa liberdade”, disse ainda Francisco.

Por fim, o Papa disse que “o caráter sereno e acolhedor, típico do povo eslovaco, a tradicional convivência pacífica entre” eles, e a “sua colaboração em prol do bem do país são elementos preciosos para o crescimento do Evangelho”. Francisco encorajou a “prosseguir no caminho ecumênico, tesouro irrenunciável e valioso”.

Encontro com jesuítas eslovacos

Na sequência Francisco conversou em particular por cerca de uma hora e meia com seus confrades de toda a Eslováquia na Nunciatura Apostólica de Bratislava. Diálogo livre e familiar com perguntas e respostas, piadas, frases de encorajamento à missão em uma época de pandemia, secularização e queda nas vocações.

O que tornou a visita ainda mais livre e familiar foi certamente o caráter reservado do encontro: a portas fechadas e sem a presença da mídia. Nenhuma palavra sobre o conteúdo do encontro, de fato, por parte dos presentes, mas muitos comentários sobre o estado de espírito do Pontífice. “Como mencionei, foi tudo muito espontâneo. Várias perguntas surgiram dos jesuítas presentes, mas também do Santo Padre. Poderíamos conversar sobre qualquer coisa, com muita liberdade”.

O encontro terminou com uma foto de grupo e se “o Santo Padre parecia satisfeito”, os jesuítas dizem que estão “100% satisfeitos, aliás, 200%”.

O Papa segue na segunda etapa de sua Viagem Apostólica em Bratislava, que durará até o próximo dia 15 de setembro.

Fontes: Sites Vatican News e Notícias Canção Nova

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