Para nossa satisfação, foram inaugurados os sinais da TV Horizonte em Juiz de Fora, recebidos em nossos aparelhos, pelo canal 47. O fato se deu no dia 17 de setembro passado, com sessão solene, sob nossa presidência, nos salões da Catedral, contando com a presença das mais altas autoridades da cidade e ainda do Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Presidente da TV Horizonte, e de seu Auxiliar Dom João Justino de Medeiros Silva, dos membros da Diretoria e o pessoal técnico da mencionada TV, além de muitos convidados.
É mais um canal pertencente à Igreja Católica a serviço da sociedade juiz-forana e da região da Mata Mineira. No mundo atual marcado pela comunicação, o uso de instrumentais tecnológicos se torna indispensável para que a mensagem que queremos transmitir chegue, de forma mais veloz possível e também da forma mais bela, às pessoas com quem pretendemos dialogar e colaborar como Igreja servidora. Para os meios de comunicação de orientação católica, a mensagem não é uma palavra, mas uma pessoa: Jesus Cristo, sempre atual, ontem, hoje e sempre.
Na carta que o Papa Francisco enviou no ano de 2014 para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, ele reflete sobre os avanços extraordinários da tecnologia dos tempos atuais, mas ao mesmo tempo analisa os grandes problemas do uso indevido de tais meios. Ele afirma: “o ambiente de comunicação pode ajudar-nos a crescer, ou, pelo contrário, desorientar-nos. O desejo de conexão digital pode acabar por nos isolar de nosso próximo, de quem está mais perto de nós.” (Mensagem-01.06.2014)
Diante do aparelhamento tecnológico do mundo atual, devemos nos perguntar: que mensagem propriamente é mais urgente comunicar hoje ao mundo? Que mais a humanidade precisaria ouvir para se tornar humana? Que razão teríamos para investir, às vezes com grandes gastos, nos meios de comunicação eclesiais?
Partindo das leituras da liturgia celebrada no ato da inauguração, percebemos qual a mensagem central de Jesus. No trecho do evangelho retirado da narrativa do evangelista Lucas (Lc.7,36-50) que mostra a mulher pecadora que se aproxima para banhar os pés de Cristo com as lágrimas, ungi-los com perfume e enxugá-los com seus cabelos, se evidenciam duas reações: a de Cristo e o do fariseu que o convidou para a refeição em sua casa. São duas mensagens que se podem propagar para além daquelas paredes. A do fariseu é de condenação, do preconceito, do pré-julgamento, da desconfiança que gera maledicência, do orgulho que não se dobra nem mesmo diante dos exemplos de autêntica conversão. Por outro lado, a de Cristo é de perdão, da misericórdia, da sinceridade, do reconhecimento do ato nobre de alguém que não se nega a ser humilde, reconhecer seu pecado e converter-se. A solidariedade com alguém que sofre pelos erros cometidos, que se arrepende e quer voltar são os fundamentos do perdão oferecido por Cristo, a justificação, a reconstrução da vida daquela que antes era tida como uma pecadora na cidade. O que é arrepender-se? Já houve quem afirmasse que “arrepender-se é reconhecer que feriu o amor de Deus”. A partir desse humilde reconhecimento, pode se começar uma vida nova, libertadora de todas as angústias. Mas é necessária uma mensagem visível, um sinal concreto do perdão. Este Jesus o dá naquela cena de ternura, compaixão e vitória pascal.
Tal mensagem, por força, deve ser propagada para além da pessoa beneficiada, por ser tese a ser ensinada, transmitida por todos os meios, pois trata-se de algo vital para os seres humanos.
A partir daquele encontro da mulher na casa do fariseu, com Jesus, os gestos de perdão que restituem a vida a ela que se achava morta pela situação de pecado, se tornam, de fato, mensagem forte para a raça humana. Tal encontro foi marcado pela bondade, pela confiança de Cristo na sinceridade da pessoa que se propõe a mudar de vida, abraçando um caminho de compreensão mais elevada a respeito da vida.
Neste mundo tão complicado em que hoje vivemos, como afirma Papa Francisco na mensagem citada, em que um emaranhado de fios e cabos interligam aparelhos, de milhares de ondas que se cruzam nos ares captadas tecnologicamente para estabelecer comunicação cada vez mais veloz, é necessário haver esforços para que, mais que cabos, mais que ondas, prevaleça a interligação dos valores humanos entre as pessoas e que esta interligação não seja geradora de isolamento, nem servidora do egoísmo, do individualismo, da ganância materialista, pois isto provocaria cultura do desencontro, nociva ao ser humano. Papa Francisco afirma: “A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a oferecer, mas também a receber de outros. Os meios de comunicação podem nos ajudar nisso, especialmente nos nossos dias em que as redes da comunicação humana atingiram progressos sem precedentes. Mais adiante em sua mensagem, Francisco conclui com uma pergunta: “ Como é possível, apesar de todas as nossas limitações e pecados, ser verdadeiramente próximos uns dos outros? A resposta do Sucessor de Pedro nos faz abertos para o diálogo e o respeito pela pessoa do outro, afirmando que “dialogar não significa renunciar às próprias ideias e tradições, mas à pretensão de que sejam únicas e absolutas.
Agradeço ao caro irmão no episcopado, Dom Walmor, os esforços para trazer-nos esta dádiva, certo de que a presença da TV Horizonte auxiliará na divulgação dos valores humanitários e cristãos em nosso meio, na busca de um mundo cada vez melhor para todos, mais condizente com o plano salvífico de Deus a quem servimos com alegria.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora