Semana Arquidiocesana da Caridade

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A Igreja Católica é reconhecida como a entidade que mais realiza a caridade no mundo. Nem poderia ser diferente, pois ela tem por fim revelar a obra de Cristo, atualizar a ação do Salvador. A caridade de Cristo chegou ao ponto de dar a vida por todos. Ninguém tem maior amor que aquele que dá a vida por seu irmão.

Para incentivar a prática da caridade, para mostrar publicamente que a caridade é muito importante, a Arquidiocese de Juiz de Fora promoveu nos dias 23 e 24 de maio, a sua 3ª Feira da Caridade, dentro de outras atividades da Semana Arquidiocesana da Caridade. A feira deu-se no Parque Halfeld, onde várias tendas com as obras e entidades católicas expuseram seus produtos feitos em favor dos pobres e sofredores. Milhares de pessoas passaram por lá nos dias 23 e 24 de maio e se deixaram “contagiar” pelo espírito de caridade.

O que é ‘caridade’ para a fé católica? A encíclica do Papa Bento XVI Cáritas in Veritate (29 de junho de 2009) é um dos textos mais importantes dos últimos tempos a respeito do tema. Com ampla fundamentação bíblico, o Papa destaca a palavra de São Paulo aos Efésios, indicando que em toda ação cristã a caridade e a verdade caminham juntas. De forma específica, a doutrina social da Igreja gira em torno deste mesmo binômio. O Papa ressalta que a caridade comporta sempre dois aspectos ou dois níveis: a relação entre indivíduos e a busca do bem comum, portanto as relações sociais. A justiça é parte integrante do amor autêntico. “Amar a alguém é querer o seu bem e trabalhar eficazmente pelo mesmo. Ao lado do bem individual, existe um bem ligado à vida social das pessoas… Ama-se tanto mais eficazmente o próximo, quanto mais se trabalha em prol de um bem comum”, afirma o Papa.

O bem comum é o lado social da caridade. Este aspecto tem sido sempre motivo de atenção para a Igreja na história. Nos últimos séculos, as contribuições da Igreja para a busca eficaz de solução para os problemas humanitários tem tido expressão eloquente na chamada Doutrina (ou Ensinamento) Social da Igreja, sobretudo após a publicação da Encíclica Rerum Novarum (1891) do Papa Leão XIII (1878-1903). Contudo, Bento XVI classifica como pedra angular destes ensinamentos a Encíclica Populorum Progressio, do Papa Paulo VI (1963-1978), publicada na Páscoa de 1967, através da qual o Pontífice destaca a necessidade de se buscar o progresso de todos os homens e do homem todo.

As linhas certeiras e definidas do excelente documento dão à sociedade hodierna pistas teóricas para a superação das escandalosas diferenças entre ricos e pobres, entre as classes favorecidas e as que vivem em situação de exclusão social.

A Igreja, quando trata de tais problemas, não pretende substituir os governos e nem oferecer soluções técnicas para a problemática, mas deseja não ser omissa na busca de resoluções que partam da ética, da razão e da fé, visando sempre o bem integral do ser humano. Ela recorda os grandes princípios inalienáveis na tarefa de construir uma sociedade justa e solidária.

A Encíclica Cáritas in Veritate destaca a pessoa como centro de todos os esforços, superando a mentalidade materialista manifesta, sobretudo num capitalismo selvagem e em regimes totalitários que desrespeitam a liberdade e ferem a dignidade dos indivíduos.

É urgente chamar à atenção dos líderes e das comunidades sobre a situação desesperadora de fome e miséria em que vivem povos inteiros, e famílias espalhadas por todo o orbe. Não se pode desconhecer e nem menos desprezar, fingindo desconhecer, situações reais nas quais pessoas humanas são levadas à subvida. Isso fere as consciências.

Os testemunhos fortes de tenacidade na luta em favor de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária enobrecem a vida eclesial e surgem como sinais vivos de esperança diante de uma sociedade que parece ser por demais lenta para entender a urgência das questões sociais, pois quem tem fome não pode esperar por muito tempo antes que a morte o venha colher.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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