A 52ª Assembléia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que será encerrada nesta sexta-feira, dia 9 de maio em Aparecida-SP, tem como tema central a comunidade paroquial. Perguntou-se se o esquema “paróquias” utilizado na Igreja desde os primeiros anos do cristianismo, mais especificamente desde o século IV, ainda responderia ao exercício da evangelização e da celebração dos santos mistérios de Cristo. Certamente, a pergunta faz sentido uma vez que a história evolui, os métodos mudam, as coisas se renovam e muitas delas acabam caindo para darem lugar a outras. Porém, é também verdade que certas estruturas, por mais que haja mudanças no caminhar da história, são tão fortes, definidas e adaptáveis que não caducam, não perdem seu sentido, sua missão. Basta recordar que, por exemplo, por mais que se modifique e evolua a medicina, os hospitais não deixam de existir. As escolas continuam, o comércio permanece, as estruturas governamentais prosseguem, bastando para elas o cuidado de responder as exigências de cada tempo. Quanto à paróquia, afirmou o Papa Francisco em sua recente Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “não é uma estrutura caduca, precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor de da comunidade” (EG 28).
A partir das reflexões advindas do Concílio Vaticano II (1962-1965), do Documento de Aparecida (2007) e dos estudos da CNBB nos últimos anos, procurou-se, na referida Assembléia 2014, meios de adaptação do velho e consagrado esquema às atuais exigências do tempo. O termo “conversão paroquial” foi estudado e por fim, acrescentado ao título do documento aprovado e que logo aparecerá nas bancas das livrarias. Em seis capítulos, o Documento parte de uma análise da atual realidade eclesial, procura fazer fundamentação bíblico-teológica e histórica do sistema paroquial, define com clareza os conceitos de comunidade, paróquia, diocese. Entra de cheio, nos capítulos 5 e 6, nas propostas de conversão paroquial. Se se perguntasse qual seria o núcleo, o motivo vitalizador da proposta, poderíamos responder: transformar as paróquias em centros fortes de missão. Toda modificação estrutural, metodológica, instrumental de nada valerão, se não houver no coração dos pastores e dos fiéis uma conversão para a missionariedade. Não se pode mais pensar em paróquia apenas no sentido geográfico, embora este aspecto perdure e perdurará. Porém dever-se-á pensar em outros critérios para além do geográfico, como por exemplo, os de interesse por afinidade, os critérios da revolução da comunicação como redes sociais, a modalidade do sair em missão, afinal, na busca de ovelhas para o rebanho de Cristo por meio de ação direta centrada no exemplo de vida e da convicção de fé. As palavras ‘acolhida’, ‘vida fraterna’, ‘formação cristã’, ‘oração’, ‘caridade, liturgia’, ‘ministérios leigos’, ‘vocações’, ‘sair em missão’são apenas alguns termos que ajudarão a compreender as aspirações manifestas no corpo do Documento que será publicado com o título: ‘Comunidade de comunidades: Uma Nova Paróquia- A conversão da paróquia’.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora-MG