Não discriminar: um ideal cristão

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A Igreja e todos os cristãos, além dos aspectos transcendentais, têm como objetivo uma sociedade justa e fraterna, baseada no mandamento principal: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (cf Mt 22,37). Os que seguem a Cristo são contrários à violência, a agressão e à vingança. Servem-se das leais pesquisas científicas e lutam para que elas sejam feitas com competência e não sejam manipuladas para impor conceitos errôneos. Propugnam pela defesa dos reais valores humanos, familiares e sociais e procuram ajudar a todos para se defenderem dos perigos. Estão certos de que, para a busca de solução de problemas, não basta gritar, protestar, insultar, agredir, humilhar, pois estes são métodos pobres, falsos e discriminadores. Primam pelo ideal da democracia nas nações e se posicionam contra as forças opressivas que desejem impor ideias e comportamentos sem o devido respeito aos outros. Defendem que o Estado não pode ter atitudes ditatoriais, totalitaristas e opressoras sobre o direito das famílias de educar seus filhos, nem em qualquer outra matéria.

Diante da grave situação atual, abaixo ofereço aos meus caros leitores a Nota da CNBB sobre a inclusão da ideologia de gênero nos Planos de Educação.

“Homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27)

“O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, nos dias 16 a 18 de junho, manifesta seu reconhecimento pelo importante trabalho de elaboração dos Planos Estaduais e Municipais de Educação em desenvolvimento em todos os estados e municípios brasileiros para o próximo decênio. A proposta de universalização do ensino e o esforço de estabelecer a inclusão social como eixo orientador da educação merece nosso apoio e consideração ao apontar para a construção de uma sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas. A tentativa de inclusão da ideologia de gênero nos Planos Estaduais e Municipais de Educação contraria o Plano Nacional de Educação, aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional, que rejeitou tal expressão. Pretender que a identidade sexual seja uma construção eminentemente cultural, com a consequente escolha pessoal, como propõe a ideologia de gênero, não é caminho para combater a discriminação das pessoas por causa de sua orientação sexual. O pressuposto antropológico de uma visão integral do ser humano, fundamentada nos valores humanos e éticos, identidade histórica do povo brasileiro, é que deve nortear os Planos de Educação. A ideologia de gênero vai no caminho oposto e desconstrói o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher.

A introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias. O mais grave é que se quer introduzir esta proposta de forma silenciosa nos Planos Municipais de Educação, sem que os maiores interessados, que são os pais e educadores, tenham sido chamados para discuti-la. A ausência da sociedade civil na discussão sobre o modelo de educação a ser adotado fere o direito das famílias de definir as bases e as diretrizes da educação que desejam para seus filhos. A CNBB reafirma o compromisso da Igreja em se somar aos que combatem todo tipo de discriminação a fim de que tenhamos uma sociedade sempre mais fraterna e solidária. Confia que a sociedade e o Estado cumpram seu direito e dever de oferecer a toda pessoa os meios necessários para uma educação livre e autêntica (cf. CNBB – Doc. 47, n. 73). Reafirma também o papel insubstituível dos pais na educação de seus filhos e primeiros responsáveis por introduzi-los na vida em sociedade.

Agradecemos a tantos que têm se empenhado na defesa de uma educação de qualidade no Brasil, opondo-se até mesmo a excessos do Estado que, muitas vezes, se sobrepõe ao papel dos pais e da família. A estes exortamos a que, juntamente com educadores e associações de famílias, assumam sua tarefa de protagonistas na educação dos filhos.

Que Deus inspire os legisladores na responsabilidade que têm nesse momento e anime os educadores na nobre e sublime tarefa de colaborar com os pais em sua missão de educar.” Brasília, 18 de junho de 2015.

Unidos como irmãos, confiantes em Deus, a quem amamos e servimos sobre todas as coisas, prossigamos sem medo, sem revanchismos, prontos a defender a dignidade humana, a verdade, a paz e o direito de praticar a religião livremente em nossa democrática nação brasileira.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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