Ensinar o sentido do verdadeiro, do bem e do belo

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Durante os primeiros cinco dias do mês de julho do ano corrente, aconteceu, no Auditório Mater Ecclesiae, do edifício Christus Lumen Gentium, prédio da Cúria Metropolitana de Juiz de Fora, o terceiro módulo da Escola de Formação de Educadores Católicos (EFEC). O tema que orientou as reflexões foi: “A escola e sua missão de ensinar o sentido do verdadeiro, do bem e do belo”.

A EFEC surgiu após o primeiro Fórum de Educação Católica que aconteceu na cidade de Piracicaba/SP, em janeiro de 2015, do qual participamos como palestrante em companhia de algumas pessoas mais de nossa Arquidiocese. No Fórum, em que foram apresentadas reflexões sobre alguns documentos da Santa Sé que tratam da identidade e da missão da Igreja na educação, foi levantada pelos participantes a necessidade da criação de uma escola nacional para a formação dos educadores católicos.

Um dos maiores desafios da educação cristã é a formação de educadores que harmonizem em si a ciência reta, a fé católica e o testemunho cristão. A EFEC, criada pela Arquidiocese de Juiz de Fora, com parceria de grupos interessados do Estado de São Paulo, sobretudo da cidade de São Carlos, com a Comunidade Kerigma de Piracicaba, com a Comunidade Operários da Messe, visa capacitar, sobretudo, professores para uma educação coerente com a busca da sabedoria, com a formação do caráter e com a qualidade científica. O projeto EFEC fornece, em módulos – em formato de curso de extensão universitária – os conteúdos específicos, científicos e pedagógicos que prepararão os educadores para a vivência e ensino segundo os princípios da Congregação para a Educação Católica, órgão da Santa Sé.

Os objetivos são: conhecer a identidade e a missão da Educação Católica, através de estudos dos documentos da Igreja; fazer a releitura da história mundial, tendo como fundamento a verdade científica, denunciando a instrumentalização da educação por pedagogias ideológicas; conhecer a pedagogia de Cristo; fomentar nos docentes o conhecimento de Jesus Cristo e a vivência da espiritualidade cristã; propagar a educação segundo a filosofia perene, em busca da sabedoria e da verdade; evidenciar a união entre fé e razão; incentivar uma educação para o verdadeiro, o belo e o bom, a fim de despertar atitudes para a construção da Civilização do Amor.

Em um de seus discursos aos professores, Papa Francisco nos recorda que a missão da escola “é desenvolver o sentido do verdadeiro, o sentido do bem e o sentido do belo. E isto acontece através de um caminho rico, feito de tantos «ingredientes». Eis por que há tantas disciplinas! Porque o desenvolvimento é fruto de diversos elementos que agem juntos e estimulam a inteligência, a consciência, a afetividade, o corpo, etc. Por exemplo, se estudo esta praça, a praça de São Pedro, aprendo coisas de arquitetura, de história, de religião, também de astronomia — o obelisco (da Praça de São Pedro, em Roma) recorda o sol, mas poucos sabem que esta praça é também um grande meridiano. Deste modo cultivamos em nós o verdadeiro, o bem e o belo; e aprendemos que estas três dimensões nunca estão separadas, mas sempre enlaçadas. Se uma coisa é verdadeira, é boa e bela; se é bela, é boa e é verdadeira; e se é boa, é verdadeira e bela. E juntos, estes elementos, fazem-nos crescer e ajudam-nos a amar a vida, até quando estamos mal, até no meio de problemas. A verdadeira educação faz-nos amar a vida, e abre-nos para a plenitude da vida!

Sabemos que na escola, além de conhecimentos, também aprendemos hábitos e valores. É mesmo, como expressa o Papa dirigindo-se aos educadores: “…gostaria de vos dizer que na escola não só aprendemos conhecimentos, conteúdos, mas aprendemos também hábitos, valores. Educa-se para conhecer muitas coisas, ou seja, muitos conteúdos importantes, para ter determinados hábitos e até para assumir os valores. E isto é muito importante. Desejo a todos vós, pais, professores, pessoas que trabalham na escola, estudantes, um caminho agradável na escola, uma via que faça crescer as três línguas, que uma pessoa madura deve saber falar: a língua da mente, a língua do coração e a língua das mãos. Mas, harmoniosamente, isto é, pensar o que se sente e o que se faz; sentir bem o que se pensa e o que se faz; e fazer bem o que se pensa e o que se sente. As três línguas, harmoniosas e juntas! Mais uma vez obrigado aos organizadores deste dia e a todos vós que viestes aqui. E por favor… por favor, não nos deixemos roubar o amor à escola!

Com estas sábias orientações do atual sucessor de Pedro, a EFEC prossegue sua missão de possibilitar a formação dos formadores e vista de homens sábios e honestos para a sociedade de hoje e de amanhã.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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