Quem entra no novo prédio da Cúria Metropolitana de Juiz de Fora (Centro Administrativo-Pastoral Arquidiocesano) certamente terá uma agradável surpresa. Encontrará no saguão de ingresso um lindo e amplo painel em honra de Cristo Luz dos Povos e no Auditório Mater Ecclesiae, outra pintura de extraordinária beleza em homenagem à Beatíssima Virgem Maria, Mãe da Igreja.
Obras de Irmã Laíde Inez Sonda, coadjuvada pela Irmã Kelly Silva de Oliveira, Discípulas do Divino Mestre, artistas sacras de renome em todo o Brasil e no exterior, tais pinturas são uma celebração. Comemoramos, a 8 de dezembro, os 50º aniversário do encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965), quando a Igreja experimentou, no dizer dos últimos Papas, um novo Pentecostes. Na Arquidiocese, associamos ações de graças pelo encerramento e o sucesso do ciclo de Visitas Pastorais a cada uma das onze foranias, para a segunda revisão da caminhada sinodal, concluído sábado passado.
A data de 8 de dezembro tem sido carregada de privilégios na Igreja. Além de ser Festa da Imaculada Conceição de Maria, pelo Dogma proclamado por Pio IX em 1854, foi nesta data, como já mencionado, que Paulo VI, em 1965, oficiou a liturgia da clausura do Concílio, e no ano em curso de 2015, o Papa Francisco abre a Porta Santa do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
Também nós, nesta data, lançaremos sobre os recentes painéis de nossa Cúria nosso olhar de admiração pela beleza das formas, as quais, na ocasião, benzeremos, vendo nesta obra uma verdadeira catequese sobre a eclesiologia expressa no Documento central do Concílio que é a Constituição “Lumen Gentium”. Vê-se no painel da entrada a figura de Cristo que caminha com seu povo, constituído este de todas as classes, raças e nações, sadios ou enfermos, com ministros consagrados, pastores, missionários e missionárias, servidores em geral.
O painel da Virgem, Mãe da Igreja, no interior do auditório, contempla a imagem de Maria, Nossa Senhora Aparecida, como mulher vestida de Sol (cf. Ap. 12, 1) cujos raios iluminam a Igreja Particular de Juiz de Fora, cidade e interior.
A eclesiologia que provém da Lumen Gentium é marcada pela doutrina bíblico-patrística, buscando espelhar-se nas primeiras comunidades cristãs e pelas expressões eclesiológicas dos Santos Padres da Igreja, sobretudo nos primeiros quatro séculos. A prevalência do espírito de comunhão, de partilha, de colegialidade, de solidariedade, de humildade, de autêntico amor ao próximo, toda centrada na Eucaristia, leva a Igreja a um caráter profundamente missionário, uma vez que ela existe para expandir a luz benfazeja de Cristo para todas as gentes.
Significativa é a presença de Maria em tal eclesiologia, apresentada como Mãe, uma vez que gerou o Salvador, colocada como figura-tipo da Igreja. Tal é também a missão da Igreja no mundo: gerar Cristo para todas as nações e a cada pessoa individualmente. A santidade de Maria, escolhida desde o Gênesis pelo Pai três vezes santo, é força para a Igreja na busca da sua santificação que não é outra coisa senão a união amorosa com Deus que anda com seu povo.
Os artísticos painéis da Cúria refletem os ideais da Igreja Particular de Juiz de Fora, assumidos no último Sínodo Arquidiocesano (2009-2011), realizado em plena sintonia com o espírito do Concílio, quando escolhemos para tema central os significativos dizeres: Arquidiocese de Juiz de Fora, uma Igreja sempre em Missão, e como lema: Fazei Discípulos Meus (Mt.28,19).
O formato curvilíneo do Edifício Christus, Lumen Gentium, que sedia a Cúria e os demais departamentos da Igreja Local, evoca a ideia de um grande refletor que jorra luz para a cidade. O edifício agora recebe sua prevista decoração artístico-catequética, completando-se assim os efeitos simbólicos desta casa acolhedora com tantas frentes pastorais de uma Igreja que se abre para a missão e a misericórdia.
Somos felizes de oferecer à cidade de Juiz de Fora mais esta obra de arte de um estilo inédito nesta região, sendo a primeira obra das mencionadas artistas nestes rincões.
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora