A noite da Quarta-feira Santa (5), na Paróquia São Mateus, foi marcada pelo Ofício de Trevas, cerimônia que representa o luto e a escuridão aos quais ficou sujeita a Terra diante da morte de Jesus. O rito compreende um conjunto de leituras, salmos e preces penitenciais, feitas diante de um candelabro de 15 velas, que vão sendo apagadas pouco a pouco. No final do ofício, apenas uma delas permanece acesa.
O Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, presidiu a celebração e afirmou, a partir dela, que Jesus é a luz do mundo. “Sem Jesus andamos nas trevas, e as trevas representam o mundo do pecado. Nós cantamos no meio das trevas certos de que vamos ser libertos pela luz da ressurreição. Por isso, cada salmo que se canta apaga-se uma vela, mas a última vela não se apaga: ela permanece acessa, porque ali está a representação da luz de Cristo. Então, é uma espécie de profissão de fé que fazemos, sabendo que, se nós não confiamos em Cristo, se nós não amamos a Cristo, se nós não ouvimos a Cristo, permaneceremos nas trevas; mas se O ouvimos, se O seguimos, se n’Ele cremos, nós encontramos a luz e as trevas não nos vencem.”
O Vigário Paroquial, Padre Leonardo José de Souza Pinheiro, que também acompanhou o Ofício de Trevas, comentou sobre o significado da cerimônia. “É bonito perceber que dentro desse horizonte que a gente se aproxima, da celebração da Páscoa, a espiritualidade da Igreja vai nos mergulhando também no mistério da cruz. Não existe Páscoa, não existe ressurreição, sem se passar pelo mistério da cruz. Então, um dos meios bonitos que a liturgia da Igreja nos oferece para nos prepararmos para a Páscoa é a celebração desse Ofício das Trevas, indicando a experiência vivida no contexto da época pela morte de Cristo; mergulhar na dor, no sofrimento, nas trevas, mas nós cristãos mantemos e sempre temos uma chama viva no nosso coração. Essa chama é a chama de Deus, é a chama do Espírito Santo, é a luz de Cristo que sempre nos remete à vitória. Quem tem Cristo, quem com Ele passa pela morte, quem com Ele morre, sempre alcança a vitória da ressurreição.”
Para tornar o rito ainda mais bonito, o regente do Coral São Mateus, Maestro Vitor Casemiro, compôs as melodias dos salmos. “Desde 2017, se não me engano, temos essa cerimônia do Ofício de Trevas aqui, e a gente fez a primeira vez com melodias comuns, de salmos que cantamos aos domingos, normalmente. Por ser um momento mais introspectivo, sentimos falta de melodias que também fossem mais introspectivas, por isso eu escrevi as melodias, para que pudessem ser, talvez, mais de acordo com este momento.”