Terminou no domingo (25) a 9ª Assembleia Nacional dos Organismos do Povo de Deus, em Aparecida (SP). Os participantes do encontro, que reuniu todas as entidades dos diferentes atores eclesiais, assinaram uma mensagem na qual destacam os objetivos propostos e manifestam apoio ao papa e aos bispos do Brasil. Durante a assembleia, também ficou decidido que o evento será realizado com periodicidade de quatro anos.
O trabalho em conjunto na Igreja, a busca pela sinodalidade (o sentido de caminhar juntos) e o protagonismo dos cristãos leigos e leigas foram elementos ressaltados na mensagem, assinada pelos presidentes do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), da Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil (CNIS), da Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil (CRB), da Comissão Nacional dos Diáconos (CND), da Comissão Nacional de Presbíteros (CNP) e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Com o tema “Sinodalidade da Igreja e o protagonismo dos Cristãos leigos e leigas”, a assembleia teve como objetivos “fortalecer a Igreja comunhão e missão; reavivar a consciência da corresponsabilidade na evangelização; crescer na comunhão entre os Organismos e vivenciar a sinodalidade e a unidade na ação evangelizadora; tornar regulares as Assembleias acionais dos Organismos do Povo de Deus; celebrar a presença e organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil e celebrar a culminância do Ano Nacional do Laicato”.
Iniciado na quinta-feira (22), o encontro foi oportunidade para fazer memória histórica das assembleias anteriores, cuja dinâmica foi iniciada em 1991. Com palestras, painéis e exposições, fizeram reflexão e aprofundamento a respeito da Sinodalidade da Igreja e o protagonismo dos cristãos leigos e leigas. A sinodalidade entre os organismos também foi abordada.
No processo de elaboração das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o período de 2019 a 2023, monsenhor Antonio Catelan, assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB, que é membro do grupo que elabora o texto a ser votado pelos bispos na próxima Assembleia Geral da Conferência Episcopal, apresentou a proposta de texto preparada pela CNBB e recebeu sugestões para enriquecer o material.
Os participantes também regulamentaram a realização das assembleias. Daqui em diante, será organizada a cada quatro anos.
CF 2019
A partir da análise da conjuntura do país, na qual se apresentaram realidades como crise política, esvaziamento da ética na sociedade, incertezas com relação ao futuro, pobreza, desemprego e violência, além do “olhar excludente em relação às minorias e aos movimentos sociais”, devem ser lançadas “atitudes proféticas e uma articulação das iniciativas para a construção de uma sociedade justa, humana e fraterna”. Neste sentido, os participantes percebem a Campanha da Fraternidade 2019 como “momento privilegiado para afirmar a nossa identidade cristã”.
A solidariedade aos bispos está relacionada ao trecho da Carta de São Paulo aos Coríntios, quando o apóstolo fala sobre a Igreja: Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele” (1 Cor 12,26). Eis o que escreveram no trecho: “Como Corpo de Cristo, sofremos e nos solidarizamos com os que são incompreendidos e perseguidos, na pessoa do Papa Francisco, dos nossos queridos Bispos e dos demais irmãos e irmãs do Povo de Deus”.
Leia a mensagem na íntegra:
IX ASSEMBLEIA NACIONAL DOS ORGANISMOS DO POVO DE DEUS
APARECIDA/SP, 22 A 25 DE NOVEMBRO DE 2018
Mensagem da Assembleia
“Desde o Concílio Vaticano II […], experimentamos, de forma cada vez mais intensa, a necessidade e a beleza de caminhar juntos”.
(Papa Francisco, 17/10/2015)
Amados irmãos e irmãs,
Que a paz do Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, esteja com todos!
Nós, representantes dos Organismos do Povo de Deus, estivemos reunidos na IX Assembleia Nacional, de 22 a 25 de novembro de 2018, em Aparecida (SP). Somos cristãos leigos e leigas (Conselho Nacional do Laicato do Brasil – CNLB), Consagradas e Consagrados Seculares (Conferência Nacional dos Institutos Seculares do Brasil – CNIS do Brasil), Religiosos e Religiosas (Conferência dos Religiosos e Religiosas do Brasil – CRB), Diáconos Permanentes (Comissão Nacional dos Diáconos – CND), Presbíteros (Comissão Nacional de Presbíteros – CNP), Bispos (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB).
O que procuramos viver no cotidiano da Igreja no Brasil foi experimentado e expressado mais intensamente nestes dias, pois como nos ensina São João Paulo II: “Todos os estados de vida, tanto no seu conjunto, como cada um deles em relação com os outros, estão a serviço do crescimento da Igreja, são modalidades diferentes que profundamente se unem no ‘mistério de comunhão’ da Igreja e que dinamicamente se coordenam na sua única missão” (Christifidelis Laici, n. 55)”.
A Assembleia, no âmbito do Ano do Laicato, teve como tema central a “Sinodalidade da Igreja e o Protagonismo dos Cristãos Leigos e Leigas” e, como objetivos: fortalecer a Igreja comunhão e missão; reavivar a consciência da corresponsabilidade na evangelização; crescer na comunhão entre os Organismos e vivenciar a sinodalidade e a unidade na ação evangelizadora; “tornar regulares as Assembleias Nacionais dos Organismos do Povo de Deus (ANOPD), que vêm sendo realizadas desde 1991…” (Documento 105 da CNBB, n. 274 ‘c’); celebrar a presença e organização dos cristãos leigos e leigas no Brasil e celebrar a culminância do Ano Nacional do Laicato.
Fizemos a memória histórica das Assembleias anteriores; refletimos e aprofundamos a Sinodalidade da Igreja e o protagonismo dos cristãos leigos e leigas, como também a sinodalidade entre os Organismos; conhecemos as propostas e apresentamos sugestões para as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) – 2019 a 2023; encaminhamos a regulamentação das Assembleias Nacionais dos Organismos do Povo de Deus, definindo sua realização a cada 4 anos; e celebramos solenemente a realização do Ano Nacional do Laicato, no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Realizamos uma análise da atual situação do Brasil, a partir da crise política experimentada pelo País nos últimos anos, com o esvaziamento da ética na sociedade, as incertezas com relação ao futuro, a pobreza e o desemprego que se agravam, a violência que se expande e o olhar excludente em relação às minorias e aos movimentos sociais. Este contexto exige de nós atitudes proféticas e uma articulação das iniciativas para a construção de uma sociedade justa, humana e fraterna. Neste sentido, a Campanha da Fraternidade de 2019, “Fraternidade e Políticas Públicas”, será um momento privilegiado para afirmar a nossa identidade cristã.
Como o apóstolo Paulo escreve aos Coríntios: “Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele” (1Cor 12, 26). Como Corpo de Cristo, sofremos e nos solidarizamos com os que são incompreendidos e perseguidos, na pessoa do Papa Francisco, dos nossos queridos Bispos e dos demais irmãos e irmãs do Povo de Deus. Nossa esperança e missão se fundamentam na afirmação de Jesus: “No mundo, tereis aflições, mas tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33).
Que Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, modelo de todas as vocações, nos ensine a viver a Sinodalidade em toda a Igreja e o protagonismo cristão, para sermos “sal da terra e luz do mundo” (Mt 5,13-14).
Aparecida, SP, 25 de novembro de 2018.
No ano da graça do Senhor,
na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
*Fonte: Site da CNBB