O primeiro padre surdo da América Latina e do Brasil viveu em Juiz de Fora

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São inúmeros os personagens que marcaram a história da Igreja de Juiz de Fora. Um destes que construíram um grande legado foi Monsenhor Burnier. Ele lutou pela evangelização e inclusão da comunidade surda, um nome importante a ser recordado, principalmente no atual tempo de preparação para o centenário diocesano.

Sendo assim, iniciamos uma série de reportagens sobre momentos e agentes que se destacaram na caminhada de nossa Igreja Particular. Eles são motivos para celebrar e, fazendo memória de tais fatos, buscamos entusiasmar o povo para a festa do Jubileu da Diocese de Juiz de Fora.

A história inspiradora de Monsenhor Burnier

A Arquidiocese de Juiz de Fora teve a alegria de acolher o primeiro padre surdo da América Latina e do Brasil, e segundo do mundo: Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier. Natural de Juiz de Fora, oriundo de família tradicionalmente cristã, em 02 de março de 1921 nasceu surdo e aprendeu a falar com 5 anos de idade. Em seu mundo de silêncio, soube ouvir a voz do coração e entendeu sua vocação como um dom de Deus que o chamava a servir e dar assistência especialmente aos seus irmãos e irmãs deficientes auditivos.

Não mediu esforços para estudar e tornar-se um padre. Em virtude de sua surdez, encontrou-se pessoalmente com o Papa Pio XII, em audiência particular em Roma (Itália), para solicitar ao Santo Padre autorização prévia para ordenar-se sacerdote. O consentimento veio dias depois e em 22 de setembro de 1951, foi realizada sua ordenação sacerdotal, na Catedral Metropolitana de Juiz de Fora, com as bênçãos de Dom Justino José de Sant’Ana.

Monsenhor Burnier dedicou-se incansavelmente à evangelização, inclusão, acessibilidade e assistência aos surdos, agindo como um verdadeiro pastor do povo excluído. Em Juiz de Fora, no ano de 2001, fundou a Pastoral dos Surdos da Arquidiocese. Na cidade, também atuou como arquivista da Cúria Metropolitana. O religioso se destacou, ainda, por fundar 18 pastorais dos surdos no Brasil e mais três fora do país. Foi também o idealizador e primeiro presidente da Federação Brasileira de Surdos, fundada em 22 de abril de 1972.

Com apreciável disponibilidade, ternura e coragem, soube anunciar a Palavra de Deus mesmo sem escutar. Falando diversos idiomas, percorreu o Brasil oferecendo a crianças e adultos surdos seu apoio moral, físico e espiritual. Assim como o Bom Samaritano (Lc 10, 25-37), procurou sempre fazer o bem, cultivou a prática do amor e do cuidado ao próximo. É considerado por muitos o “Apóstolo dos surdos” e reconhecido como um verdadeiro cidadão humanista, atento aos problemas sociais e disposto a estender a mão a quem precisasse.

Protagonista de uma trajetória precursora e de luta junto à comunidade surda, o religioso faleceu aos 88 anos de idade, em 16 de julho de 2009, na cidade mineira de Juiz de Fora. O seu legado abriu caminhos para atravessar fronteiras, romper as barreiras do preconceito, promover a integração social e aprofundar a espiritualidade dos irmãos e irmãs deficientes auditivos, a fim de que compreendam a mensagem de Jesus Cristo, que nos une em uma grande comunidade de fé.

*Colaboração: Brenda Melo – Jornal Folha Missionária

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