“Todo anúncio digno do Redentor deve comunicar libertação”, afirma Papa Francisco

*Foto: Vatican Media
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Na catequese da Audiência Geral dessa quarta-feira (25), o Papa Francisco refletiu sobre Jesus como mestre do anúncio. O episódio bíblico que orientou a reflexão do Pontífice foi a passagem em que Jesus vai à sinagoga de Nazaré, seu povoado, e ali lê um trecho do profeta Isaías. Ele “surpreende todos com um ‘sermão’ muito breve, de uma única frase. Diz: «Hoje se cumpriu essa passagem da Escritura, que vocês acabam de ouvir.»”

Quem dá testemunho de Cristo mostra a beleza da meta

A seguir, o Papa identificou cinco elementos essenciais do anúncio de Jesus. O primeiro elemento do anúncio é a alegria. Jesus proclama: «O Espírito do Senhor está sobre mim; […] enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres». “Boa nova: não se pode falar de Jesus sem alegria, porque a fé é uma maravilhosa história de amor a ser partilhada. Testemunhar Jesus, fazer algo pelos outros em seu nome. Quando falta alegria, o Evangelho não passa, pois ele é bom anúncio, anúncio de alegria. O cristão triste pode falar de coisas maravilhosas, mas será tudo em vão se o anúncio que transmite não for jubiloso”, sublinhou o Papa.

O segundo elemento é a libertação. Jesus diz que foi enviado «para anunciar a libertação aos pobres». “Isto significa que quem anuncia Deus não pode fazer proselitismo, não pode pressionar os outros, mas deve aliviá-los: não impor fardos, mas livrar deles; levar paz, não sentimentos de culpa. Sem dúvida, seguir Jesus exige ascese, sacrifícios; de resto, se cada coisa boa o requer, quanto mais a realidade decisiva da vida! Quem dá testemunho de Cristo mostra a beleza da meta, mais do que o cansaço do caminho. Todo anúncio digno do Redentor deve comunicar libertação.”

O terceiro elemento é a luz. Jesus diz que veio para restituir «a vista aos cegos». “Aqui não se trata apenas da vista física, mas de uma luz que faz ver a vida de uma maneira nova.  Há um ‘vir à luz’, um renascimento que só se verifica com Jesus”, frisou o Papa, recordando que “a vida cristã teve início para nós: com o Batismo, que antigamente se chamava ‘iluminação’. E que luz nos dá Jesus? A luz da filiação: com Ele, somos filhos de Deus, amados para sempre, não obstante os nossos erros e defeitos”. Segundo Francisco, “a vida já não é um avançar cego rumo ao nada, não é questão de destino ou sorte, não é algo que depende do acaso ou das estrelas, nem sequer da saúde e das finanças, mas do amor do Pai, que cuida de nós, seus filhos amados. Como é maravilhoso partilhar esta luz com os outros”!

A última palavra é a mão de Jesus estendida

O quarto elemento do anúncio é a cura. Jesus diz que veio «para libertar os oprimidos». “Oprimido é aquele que, na vida, se sente esmagado por algo: doenças, fadigas, fardos no coração, sentimentos de culpa, erros, vícios, pecados. Oprimidos por isso. Pensemos, por exemplo, no sentimento de culpa. Quantos de nós passaram por isso? O que nos oprime é aquele mal que nenhum medicamento ou remédio humano pode curar: o pecado. E se alguém tem sentimento de culpa é por algo que fez e se sente mal. Mas, a boa notícia é que com Jesus este mal antigo, que parece invencível, já não tem a última palavra. Eu peco porque sou fraco. Todos nós pecamos, mas esta não é a última palavra. A última palavra é a mão de Jesus estendida que nos levanta do pecado. Do pecado, Jesus cura-nos sempre e gratuitamente. Ele convida quantos estão «cansados e oprimidos» a ir até Ele.”

Segundo o Papa, “acompanhar alguém ao encontro de Jesus significa levá-lo ao médico do coração, que alivia a vida. Quem carrega fardos precisa de um carinho no passado. Muitas vezes ouvimos dizer: preciso curar o meu passado, preciso de um carinho no meu passado que me pesa muito. Tem necessidade de perdão. E quem acredita em Jesus tem para oferecer ao próximo a força do perdão, que liberta a alma de todas as dívidas. Irmãos e irmãs, não se esqueçam de que Deus perdoa tudo porque esquece os nossos pecados. É necessário que nos aproximemos Dele e Ele nos perdoa”.

O último elemento é o feliz anúncio dirigido «aos pobres». Muitas vezes nos esquecemos dos pobres que “são os destinatários explicitamente mencionados por Jesus, porque são os prediletos de Deus. Lembremo-nos deles, e recordemos que, para receber o Senhor, cada um de nós deve fazer-se ‘pobre dentro’: ou seja, superar toda pretensão de autossuficiência para compreender que é necessitado de graça, sempre necessitado d’Ele”. “Se alguém me perguntar: Padre, qual é o caminho mais curto para encontrar Jesus? Faça-se necessitado. Faça-se necessitado de graça, necessitado de perdão, necessitado de alegria. E Ele se aproximará até você”, concluiu o Papa.

O Holocausto não pode ser esquecido ou negado

No final da Audiência Geral, o Papa Francisco recordou o Dia Internacional da Memória das Vítimas do Holocausto, que será celebrado na próxima sexta-feira (27). Os pensamentos se voltam para o ano de 1945 quando, no final da Segunda Guerra Mundial, o mundo descobriu uma página escura da história. Naquele dia, 78 anos atrás, o exército soviético entrou no campo de extermínio de Auschwitz e o horror da fúria nazista foi revelado em toda a sua brutalidade.

“A memória do extermínio de milhões de judeus e pessoas de outros credos não pode ser esquecida nem negada. Não pode haver um compromisso constante de construir juntos a fraternidade sem antes dissipar as raízes do ódio e da violência que alimentaram o horror do Holocausto”, disse o Pontífice.

Trabalhar com todos os cristãos pelo amor de Cristo

O Pontífice saudou cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, em particular o grupo do Brasil. Por fim, pronunciou estas palavras: “Encorajo-os para que, banindo toda aparência de indiferentismo, confusão e rivalidade odiosa, vocês possam colaborar com todos os cristãos por amor a Cristo”.

*Fonte: Site do Vatican News

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