Corpus Christi, festa da Eucaristia e da partilha

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Na última quinta-feira, 16 de junho, Solenidade de Corpus Christi, nos reunimos para celebrar um dos maiores mistérios de nossa fé, o que podemos chamar de Mistério do Amor em estado de perfeição. Recordamos o gesto de total entrega do Senhor a nós, à Igreja. Dizem os evangelistas sinóticos e o repete São Paulo aos Coríntios, que “na noite em que foi entregue, o Senhor tomou o pão e disse: “isso é o meu corpo entregue por vós”; tomou o cálice com vinho e disse: “este é o cálice de meu sangue que será derramado por vós”. E conclui com uma ordem sublime: “Fazei isso em minha memória” (cf. ICor 11,23-26).

Celebramos a entrega total de Jesus em nosso favor; a doação plena sem medidas para nossa salvação. Ele já havia dito: “Ninguém tem maior amor do aquele que doa sua vida a seus amigos, a seus irmãos” (Jo 15,13). Ele nos dá a certeza de que a morte não O destruiu, mas Ele a venceu, ressuscitando para nunca mais morrer. A Eucaristia é, portanto, também sinal de Sua ressurreição e de Sua presença viva, embora invisível, entre nós, como alimento salutar no caminho que nos conduz ao banquete da eternidade para o qual o Senhor nos criou. Ele, segundo São Mateus, afirmou aos Apóstolos antes da ascensão: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Em verdade, são muitos os sinais de Sua presença: Ele está no meio de nós quando nos reunimos em seu nome, quando praticamos o bem aos pequeninos, quando ouvimos Seus apóstolos. Porém, a forma mais perfeita, mais sensível, mais sublime, mais santa de Sua presença é a Eucaristia.

Nas leituras daquele dia, encontramos a figura de Melquisedeque, do Antigo Testamento, que a carta aos Hebreus associa à Eucaristia por ter utilizado pão e vinho para sua oferta, e como prefiguração do sacerdócio de Cristo. A segunda leitura é o testemunho inequívoco de São Paulo sobre as espécies eucarísticas. Ele traduz a fé na Eucaristia e na presença real do Senhor já na segunda e terceira gerações dos cristãos. O evangelho, por sua vez, nos apresenta a multiplicação dos pães, com linhagem litúrgica e eucarística, ao dizer que o Senhor elevou os olhos ao céu, deu graças, repartiu o pão e o deu aos seus discípulos para que o distribuíssem (cf. Lc 9, 11b-17). Esse é um milagre que se repete na história, a cada missa que se celebra.

Mas também nos leva a associar a Eucaristia com o dever de partilha do nosso pão com os famintos. Por isso, no Dia de Corpus Christi fizemos uma grande coleta de alimentos e agasalhos em favor dos vulneráveis, para acudir sobretudo àqueles que se empobreceram neste tempo de pandemia. Muitos perderam a condição de pagar aluguéis e foram morar na rua; muitos outros perderam o emprego e voltaram para o interior, a fim de tentarem um meio de sobrevivência. Todo gesto de caridade, de solidariedade, de fraternidade sincera é gesto eucarístico e obedece à ordem do Senhor: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (cf. Lc 9,13).

Eucaristia é gesto sinodal, é força de comunhão. O Senhor nos deseja unidos ao redor da mesma mesa e reza para que todos sejam um, como Ele e o Pai. No contexto do nosso II Sínodo Arquidiocesano, associados aos apelos do Papa Francisco, que convocou o Sínodo dos Bispos para ser realizado em Roma, no mês de outubro de 2023, somos hoje, mais uma vez, convidados a caminhar juntos rumo aos cem anos de nossa diocese, a serem celebrados em fevereiro de 2024, alimentados pela força sobrenatural da Eucaristia.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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