O Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, incentiva a reflexão da consciência histórica de uma sociedade que vivenciou longamente a escravidão e seu impacto na formação da cultura brasileira, além de estimular, também, um diálogo sobre a conceituação de raça, preconceito e desigualdade.
Em uma data marcada pela luta e representatividade, é interessante recordar cinco santos/beatos negros e que são exemplos de fé e de luta pela vida.
Efigênia ou Ifigênia é uma das responsáveis pela disseminação do Cristianismo na Etiópia. Era filha do rei etíope Eggipus. Ela se consagrou a Deus após se converter pela mediação de São Mateus, o Evangelista. A santa é conhecida como protetora dos lares porque, na mesma época, fundou um convento. O rei que foi rejeitado, por vingança, mandou incendiar o local. Ela, ao saber do desastre, rezou com muita fé e, com isso, conseguiu salvar o templo sagrado. Além de proteção, Santa Efigênia também é invocada para quem deseja conquistar a casa própria. É festejada no dia 21 de setembro.
São Benedito
Benedito nasceu na Sicília, por volta de 1526, filho de pretos que haviam sido escravos ou que descendiam de outros que o tinham sido. Ingressou num convento franciscano de Palermo, capital da Sicília, e foi religioso exemplar, primando pelo espírito de oração, pela humildade e pela obediência. Embora simples irmão leigo e analfabeto, a sabedoria e o discernimento que possuía fizeram com que fosse nomeado mestre de noviços e mais tarde fosse eleito superior do convento. Atendia a consultas de muitas pessoas que o procuravam para pedir conselhos e orientação segura. Foi favorecido por Deus com o dom dos milagres. Tendo concluído seu período como superior, retornou com humildade e naturalidade para a cozinha do convento, reassumindo com alegria as funções modestas que antes desempenhara. Sua festa é celebrada no Brasil no dia 05 de outubro.
Esta santa sudanesa enfrentou desde a infância uma torrente de injustiças: foi sequestrada aos 7 anos de idade e vendida e revendida diversas vezes como escrava, até ser adquirida por um político italiano que a levou para a Itália e a entregou a um amigo, por quem, finalmente, ela passou a ser tratada como filha. Tocada pela fé católica, Josephine se converteu e, mais tarde, declarada livre da escravidão, decidiu ingressar na vida religiosa. Sua festa litúrgica é no dia 8 de fevereiro. É a Padroeira do Sudão, dos sequestrados e escravizados.
Beato Francisco de Paula Victor nasceu na cidade de Campanha, no dia 12 de abril de 1827. Foi um sacerdote da Igreja Católica que viveu de forma heroica o seu ministério. A sua dedicação e as suas virtudes fizeram-no admirado por todos, pois assumiu a direção da paróquia com zelo e carinho, colocando-se, assim, acima de todas as críticas. Procurou catequizar e instruir o seu povo, criando a escola “Sagrada Família”. O padre Francisco de Paula Victor instruiu muitos filhos de famílias humildes, fazendo deles grandes homens de cultura, que passaram a viver da inteligência, nas mais variadas profissões. Faleceu com fama de santidade no dia 23 de setembro de 1905.
Filha e neta de escravos, Francisca de Paula de Jesus nasceu em 1810, no povoado de Santo Antônio do Rio das Mortes Pequeno, um dos atuais cinco distritos de São João del-Rei, onde também foi batizada no dia 26 de abril de 1810. Pouco tempo depois sua família mudou-se para a cidade de Baependi, no sul deste estado. Francisca ficou órfã aos dez anos. Mulher humilde, era fervorosa devota de Nossa Senhora da Conceição, e, a pedido da mãe, passou a vida inteira a dedicar-se à prática de caridade. Leiga, foi chamada ainda em vida de “a mãe dos pobres”, sendo respeitada por todos os que a procuravam, desde os mais humildes aos homens do Império. Morreu no dia 14 de junho de 1895 e foi sepultada no interior da capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, mandada construir por ela. Sua festa é celebrada no dia 14 de junho.
Uma ocasião importante para recordar a fala do Papa Francisco em 2021, em seu perfil no twitter no Dia internacional para a eliminação da discriminação racial.”O racismo é um vírus que se transforma facilmente e, em vez de desaparecer, se esconde, mas está sempre à espreita. As manifestações de racismo renovam em nós a vergonha, demonstrando que os progressos da sociedade não estão assegurados de uma vez por todas”, afirmou ele.
Fonte: Site da Diocese de São João del-Rei