No dia 5 de maio, a Congregação Redentorista oferece à cidade de Juiz de Fora um belo espaço para produção de um queijo único: a inauguração da fábrica do Queijo Ligório, às 18h, dentro do tradicional espaço da Casa de Eventos e Retiros Seminário da Floresta, pertencente à Congregação, que trouxe à cidade a única cerveja artesanal produzida dentro de um convento religioso: a Cerveja Hofbauer. Todo o dinheiro arrecadado com estes dois produtos é revertido para as Obras Sociais da Província Redentorista que abrange os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

O Queijo Meia Cura Ligório, fabricado a partir do leite produzido dentro do próprio seminário, já recebeu a certificação do S.I.M (Serviço de Inspeção Municipal) da Secretaria de Agropecuária, Pecuária e Abastecimento de Juiz de Fora. A implantação da fábrica contou com o apoio da Secretaria de Turismo, SEDIC, APL do Queijo e Escola do Queijo. Originalmente, o produto começou a ser produzido para consumo interno dos padres e irmãos. Posteriormente, começou a fazer sucesso entre a comunidade e passou a ser produzido em maior escala para atender aos visitantes e hóspedes de eventos e retiros, e a intenção é ampliar a produção para outros tipos de queijos.

História da Congregação Redentorista em Juiz de Fora

A Fábrica de Queijo Ligório é mais uma contribuição da Congregação Redentorista para a cidade, onde se estabeleceu em 1894, portanto, há quase 130 anos, e com a qual contribuiu, além da religiosa, nas áreas da cultura, arquitetura, conhecimento e gastronomia.

Juiz de Fora, mais precisamente a Igreja da Glória, abriga a primeira comunidade da Congregação no Brasil. Chegando nestas terras em 1894, os Redentoristas começaram a trabalhar junto aos alemães e se estabeleceram em terras cedidas pela Companhia União Indústria, de propriedade de Mariano Procópio, formando há 71 anos a Província Redentorista RJ-MG-ES. Até hoje, no Cemitério da Glória, existe o marco da Companhia, tombado pelo Patrimônio, assim como um dos maiores legados da Congregação para Juiz de Fora: a tradicional Igreja da Glória, tombada pelo Patrimônio Histórico municipal no ano 2000 e que, em 2024, completa 100 anos da atual construção.

Junto com o complexo da Igreja da Glória e seu belo convento – ambos um legado arquitetônico para Juiz de Fora – veio também a necessidade de se construir um seminário para a formação dos jovens que quisessem entrar para a Congregação, nascendo assim o Seminário da Floresta, em fevereiro de 1945. Como casa de formação de novos padres e irmãos, funcionou até 1971, quando se transformou numa casa para retiros e realização de eventos. Hoje a casa de formação da Província está localizada também atrás da Igreja da Glória, a Comunidade Vocacional Santo Afonso, que abriga a primeira etapa da formação.

Um espaço privilegiado em meio a uma natureza exuberante, a Casa de Eventos e Retiros Seminário da Floresta conta com 250 mil metros quadrados de belezas naturais, o que possibilita passeios ecológicos pelas trilhas, realização de eventos e celebrações dos mais diversos tipos, locais para meditação ao ar livre e, ainda, uma estrutura de lazer equipada com sauna, sala de jogos e churrasqueira. Todas as refeições oferecidas no Seminário da Floresta são elaboradas com insumos cultivados e produzidos na casa, que conta com horta orgânica, pomar, criação de animais e produção de queijos e doces que são servidos aos hóspedes.

O Seminário da Floresta acabou proporcionando um outro reduto de cultura para a cidade, desta vez na área educacional: a Biblioteca Redentorista. Com o fim do seminário, foi necessária a construção de um espaço para abrigar as centenas de obras literárias que de lá foram transferidas para a Biblioteca Redentorista, localizada ao lado da Igreja da Glória e criada por ninguém menos que uma figura importante no cenário educacional e assistencial de Juiz de Fora: o Padre Jaime Snoek, C.Ss.R., holandês que veio realizar sua missão em terras brasileiras. Além da Biblioteca Redentorista, que hoje conta com um acervo de mais de 80 mil livros e 7 mil periódicos e se tornou um espaço de referência na região central da cidade para o estudo e aprimoramento de conhecimento, o sacerdote também fundou a Faculdade de Serviço Social da UFJF, o Centro de Defesa de Direitos Humanos de Juiz de Fora e o Ambulatório Nossa Senhora da Glória.

A questão social sempre foi uma preocupação dos Redentoristas, seguindo os passos de seu fundador, Santo Afonso Maria de Ligório, um homem à frente do seu tempo, escritor de mais de cem livros e que criou a Congregação no sentido de “atender aos pobres e mais abandonados do seu tempo”.

Tradição, cultura e solidariedade

E aí converge a relação entre tradição, solidariedade e apoio à população mais carente: todo o dinheiro arrecadado com a venda do Queijo Ligório e da Cerveja Hofbauer é destinado às obras sociais desenvolvidas pela Província Redentorista do RJ-MG-ES e contribui diretamente para ajudar centenas de pessoas de 6 a 90 anos de idade, em seis obras sociais mantidas nos três estados brasileiros. São 16 projetos socioassistenciais, em diversas áreas de formação, qualificação profissional, cultura e artes. Além das atividades ofertadas, as unidades também realizam atendimento psicológico, acompanhamento dos educandos e seus familiares e distribuição de cestas básicas.

Uma destas instituições beneficiadas pela Cerveja Hofbauer e pelo Queijo Ligório é a Obra Social Pe. Nilton Fagundes Hauck, localizada no Bairro Retiro, em Juiz de Fora. Inaugurada em 2010, a entidade tem como objetivo principal atender diariamente e no contraturno escolar, crianças e adolescentes com faixa etária de 7 a 14 anos, residentes dos Bairros Retiro, Jardim Esperança, Floresta, Pedras Preciosas, Granjas Bethel, Terras Altas e Niterói. Ao longo do ano passado, mensalmente, foram 60 crianças e adolescentes assistidos, de 50 famílias da região, em 12 projetos desenvolvidos pela instituição, alguns deles em parceria com o Gente em Primeiro Lugar, da PJF, Secretaria de Esportes e Lazer da PJF, Mesa Brasil do SESC e Instituto Alberto Sabin.

Queijo e cerveja: uma combinação perfeita de solidariedade

Para acompanhar o Queijo Ligório, os Redentoristas fabricam a Cerveja Hofbauer. Produzida no convento da Igreja da Glória de forma totalmente artesanal, a Hofbauer – uma homenagem a São Clemente Maria Hofbauer, santo redentorista austríaco responsável por levar a Congregação Redentorista para além das fronteiras da Itália, onde foi fundada – a cerveja é feita em equipamentos originais da época dos primeiros missionários que chegaram ao Brasil. As caldeiras de brassagem e fervura, por exemplo, são alimentadas por fogo a lenha.

“A Cerveja do Convento” é disponibilizada em três estilos: Belgian Pale Ale (feita com três tipos de malte – o caramelizado, o torrado e o Pilsen, com um toque de toffee); a Weiss (cerveja de trigo com um toque cítrico, a partir de uma cidra produzida na própria horta do convento) e também a tradicional Pilsen.

Em Juiz de Fora, o Queijo Ligório e a Cerveja Hofbauer podem ser adquiridos no Seminário da Floresta e na Biblioteca Redentorista.

*Texto: Silvia Carvalho