Princesa Isabel, a Libertadora dos Escravos

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No dia 13 de maio o povo brasileiro celebra uma das decisões mais importantes de sua história: a assinatura da Lei Áurea, pela Princesa Isabel. A figura desta monarca se traduz para todos os brasileiros com simpatia e gratidão. Foi ela a primeira mulher a exercer o poder de governo em nosso País, marcando nossa história com fatos e decisões de enorme significação humanitária e política. A Princesa Isabel esteve no comando geral da nação brasileira por três vezes, sempre pelo motivo de viagens de seu pai, o Imperador Pedro II. Ao menos em duas, ela pôde por em prática seu caráter decisório e seu espírito cristão em favor da libertação dos escravos. A primeira foi em 1871, quando promulgou a Lei do Ventre Livre, no dia 28 de setembro do referido ano, decretando que todos os filhos de escravas daquela data em diante, seriam livres e não poderiam mais ser tratados como cativos. A segunda foi justamente a 13 de maio de 1888, ocasião em que assinou a famosa Lei Áurea, que com único artigo, elimina para sempre o a escravidão legal no Brasil. 

É preciso recordar que o ideal de libertação da escravatura era um ideal de seu pai, Pedro II, que se destaca na história por uma personalidade nobre, culta e de profundo senso humanitário. Pode-se afirmar que a Casa Imperial brasileira se preocupou, desde o princípio, com a situação escravocrata, pois, já em 23 de novembro de 1826, nos primeiros anos da independência do Brasil, realizava-se a convenção que decidia pela proibição do tráfico de escravos, ainda que por pressão do Reino Inglês. Tal decisão teve efeito prático a partir de 1850, quando a tráfico negreiro foi definitivamente proibido.

Porém, nem sempre os poderes estabelecidos sejam em regimes monárquicos, republicanos ou quaisquer outros são livres para executarem seus propósitos, por causa da pressão social. No caso, na sociedade eminentemente agrícola do Brasil novecentista, não interessava aos fazendeiros qualquer modificação neste sistema produtivo. Neste sentido, a partir destas aspirações do Império, é que surgiu o movimento republicano, inicialmente adepto do sistema escravagista. Quando, a 28 de setembro de 1885, foi promulgada a Lei do Sexagenário, os ânimos opositores ao Império, e em particular contra Pedro II e a Princesa Isabel se acirraram até o momento da proclamação da República, a 15 de novembro de 1899, que para os monarquistas, considerada um golpe militar. Somente a partir da Lei Áurea os republicamos aderiram à ideia da abolição.

A Princesa Isabel nasceu a 29 de julho de 1846, filha de Dom Pedro II, que à época contava apenas com 21 anos de idade, e a Imperatriz Dona Teresa Cristina de Bourbon, italiana das Duas Sicilias, dada em casamento ao príncipe brasileiro. Viveu no Brasil até seus 45 anos de idade, casada com o Conde D’Eu, e depois que a família imperial foi extraditada, passou seus restantes 31 anos na França, vindo a falecer a 14 de novembro de 1921. Seus restos mortais hoje se encontram na Catedral de Petrópolis, ao lado dos túmulos de seus pais, Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, e ainda de seu esposo, o Conde D’Eu.

A Princesa Isabel goza de fama de santidade, por causa de sua alma totalmente caridosa, sobretudo com os negros, pobres e desvalidos, além de sua vida de piedade de muita oração e busca das virtudes. Tinha a prática sacramental exemplar, com confissões e comunhões frequentes, cuidava de não praticar a vaidade nem mesmo no vestir, pois costumava usar roupas simples para uma princesa, apenas utilizando certos vestidos solenes para ocasiões oficiais. Manteve respeitosa e bonita correspondência com os Papas Leão XIII e Pio X, entre as quais encontram-se cartas em que sugere aos Sucessores de Pedro a promulgação do Dogma da Assunção de Maria, só declarado em 1950, pelo Papa Pio XII. Tendo encontrado problemas para engravidar-se, fez pedidos insistentes a Deus por intercessão de Santa Isabel da Hungria, e fez construir em Caxambu-MG uma Igreja dedicada a esta devoção. Depois de onze anos de casada teve seu primeiro filho e depois Deus lhe deu ainda mais quatro. Em 1904, ofereceu a Nossa Senhora Aparecida a primeira coroa feita com suas jóias pessoais.

Um grupo de fieis, conhecedores de sua vida reta e virtuosa, pediu à Igreja a abertura do processo de sua beatificação o que foi aceito pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

O Brasil deve a esta sua importante personalidade histórica destaque e honra, pois trata-se de um exemplo de mulher e de ilibada atuação política.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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