Os Apóstolos do Senhor (Parte 2)

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O Papa Bento XVI, hoje emérito, na alocução da Audiência Geral do dia 11 de junho de 2006, falando sobre os doze apóstolos, recordava a origem diversificada deles, escolhidos por Jesus que não levava em consideração as classes sociais, nem mesmo as expressões estritamente religiosas, agindo sem exclusão alguma, mostrando que se interessava pelas pessoas e não por suas origens ou suas categorias sociais.

O mais bonito, dizia o Papa Bento, é ver a unidade em que permaneceram os apóstolos, superando as naturais diferenças humanas de qualquer tipo, tendo como ponto central e firme apenas a pessoa de Jesus.

Pode-se constatar que tal unidade se evidenciou, sobretudo depois da apostasia de Judas Iscariotes, reforçando a necessidade de se manterem em plena comunhão entre si, certos de que isto era a garantia de terem com eles, para sempre, a presença sensível, embora não visível, de Cristo.

Bento XVI recorda ainda que o grupo dos doze é a prefiguração da Igreja que, em todos os tempos deve se manter unida, certa de que de Cristo é que vem a força para superar as dificuldades e os problemas que ameacem a unidade dos seus discípulos. Nela deve haver espaço para todos os carismas, povos, culturas, raças, qualidades e expressões religiosas que coadunem com a ortodoxia.

Por fim, será sempre importante recordar aquilo que Cristo espera dos seus apóstolos. Antes de tudo, deseja ardentemente que preguem o evangelho a todas as raças e nações, como ele mesmo o faria em pessoa. Cristo espera que sejam fiéis até o fim, superando todo desânimo e todo possível cansaço. Que sejam corajosos para enfrentar as provações, muitas vezes cruéis e quase incompreensíveis humanamente falando.

Observa-se que tais provações podem ser internas ou externas, tanto no sentido geográfico, quanto humano. Geográfico, porque as provações podem vir de grupos externos, não cristãos que nos persigam, como de pessoas ou grupos que atuam dentro da Igreja, em qualquer parte do mundo, movidos por inveja ou competição, vingança ou outros pecados que são forças diabólicas que pretendem agir contra o próprio Cristo. É preciso, nestes casos, muita oração, como o Senhor ensinou por palavras e gestos, ao passar a noite toda diante do Pai, antes de suas grandes decisões e nos momentos de maiores sofrimentos, na hora da prisão, da paixão e da morte na cruz. O discípulo não é maior que o Mestre, como ele já lhes havia ensinado.

Todos os apóstolos foram perseguidos e morreram mártires, menos São João Evangelista, que teve que enfrentar muitos problemas, inclusive prisão e tortura.

Sendo hoje intercessores no paraíso, os Santos Apóstolos nos alcancem a graça da perseverança, da alegria de servir a Deus, mesmo nas tribulações e de nunca nos cansarmos, mesmo quando o dia não tenha tanta luz e tudo pareça noite. Que eles nos alcancem a graça de que mais necessitamos, pois, com eles, renovamos nosso compromisso batismal pelo qual nos tornamos também apóstolos de Cristo.

Ao encerrar o Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, a Igreja proclama o apostolado, seja o dos doze, seja o sucessivo de ministros ordenados, seja o da multidão dos leigos, como exercício da misericórdia, pela qual o Verbo se encarnou, e deu a vida por nós.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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