Ofício de Trevas é celebrado na Quarta-feira Santa na Paróquia São Mateus

Na noite da última quarta-feira, 27 de março, a Igreja São Mateus sediou uma das tradições mais antigas da Semana Santa: o Ofício de Trevas. A iniciativa foi realizada mais uma vez mais um ano na paróquia e contou com a presença do Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira.

Esta é uma celebração anterior ao Concílio Vaticano II. A liturgia da Igreja não se esgota na celebração dos sacramentos, um exemplo é o Ofício de Trevas, que nada mais é do que a liturgia das horas; esta, por sua vez, consiste em ritmar o dia com a oração, a partir dos salmos e de textos bíblicos e dos santos da Igreja.

A cerimônia tem início com as 15 velas do candelabro acesas, que representam os apóstolos e as Marias que estiveram presentes no enterro de Jesus. À medida que são cantados salmos, elas são apagadas, restando somente uma acesa, ao final. Neste momento, as luzes da igreja são desligadas, as matracas soam e o que vigora é o silêncio.

Cada salmo foi cantado por um membro do coral.

“É um conjunto de salmos e orações e pequenas lições de meditação que fazemos para interiorizarmos o sofrimento de Cristo e a fidelidade de Cristo e de Maria nesse processo da paixão. São 15 velas, 15 salmos. Cada salmo se apaga uma vela, para que possamos experimentar as trevas que dominaram a terra na hora da morte de Cristo, mas uma vela fica acesa: É a vela da ressurreição. A luz não é apagada. ‘As trevas não venceram a luz’, como diz São João. A luz brilhará sobre as trevas. Ela vencerá o pecado e a escuridão da morte”, explicou Dom Gil, em entrevista.

A celebração é bastante simbólica e pouco conhecida de muitos católicos. Para Poliana Martins, católica que acompanhou o momento com toda sua família, foi uma experiência bastante importante. “A gente queria até que as crianças viessem para participarem também, para entenderem o significado da Páscoa, o quão importante isso é para a gente e por isso que nós estamos aqui participando. Eu achei lindo, na verdade, eu nunca tinha participado desse dia especificamente e eu achei um pouco tocante, assim, eu não achei que fosse tão, é, que a gente fosse sensibilizar tanto”.

“A luz brilhará sobre as trevas”, afirmou Dom Gil, explicando a última vela que não é apagada.

O jovem paroquiano João Pedro fez questão de participar mais um dia da programação da Semana Santa. “Eu estou me entregando bastante, já que Jesus se entregou por nós, acho que nada é tão gratificante assim do que se entregar também nesse tempo. Já que ele se entregou totalmente por nós, por que a gente não pode se entregar nem que seja esse pouquinho por ele?!”.

O Padre Leonardo Pinheiro, Pároco da Paróquia São Mateus, esclareceu mais alguns aspectos do Oficio de Trevas e seu intuito. “Também o evangelista fala da experiência de acolher a luz que se dá pelo mistério da encarnação do Senhor, e é esse mesmo mistério que celebramos na Páscoa, de forma inclusive muito simbólica, que é passar justamente das trevas que tomaram conta da criação no momento da morte do Senhor, até o grande resplandecer da Sua vitória na ressurreição. Quem nunca passou pela experiência de sair de um lugar escuro e ir para um lugar claro, quem nunca passou pela experiência de sair da experiência do pecado e acolher a graça de Deus e a Sua luz. Portanto, essa celebração chama atenção para momentos da nossa vida, para que a gente viva também, a partir dessa experiência, um mistério da luz do Senhor, que precisa sempre radiar em todas as vidas, em todos os corações”.

Confira mais imagens desta noite em nossa galeria.

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