Francisco: o puro de coração vive na presença do Senhor

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“A pureza do coração”. Esta sexta bem-aventurança foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (1º), realizada na Biblioteca Apostólica Vaticana, devido à pandemia da Covid-19.

“Procurem minha face! É tua face que eu procuro, Senhor. Não me escondas a tua face.” Com esta passagem do Salmo 27, Francisco sublinhou que “esta linguagem manifesta a sede de uma relação pessoal com Deus, expressa também no Livro de Jó como sinal de uma relação sincera: ‘Eu te conhecia só de ouvir. Agora, porém, os meus olhos te veem’.”

“Como alcançar essa intimidade?”, perguntou Franciso. “Podemos pensar nos discípulos de Emaús, que têm o Senhor Jesus ao seu lado, mas seus olhos não o reconheciam. O Senhor abrirá os seus olhos no final de uma caminhada que terá o seu ápice na partilha do pão, mas tinha iniciado com uma repreensão: ‘Tolos e lentos de coração para acreditar em tudo o que os profetas falaram’. Esta é a origem de sua cegueira: o seu coração tolo e lento.”

Libertar o coração de seus enganos

“Aqui se encontra a sabedoria dessa bem-aventurança: para poder contemplar é necessário entrar em nós e abrir espaço para Deus, pois, como diz Santo Agostinho, ‘Deus é mais íntimo para mim do que eu mesmo’. Para ver Deus, não há necessidade de trocar de óculos ou ponto de vista, é preciso libertar o coração de seus enganos!”

“Este é um amadurecimento decisivo: quando percebemos que o nosso pior inimigo está escondido em nosso coração. A batalha mais nobre é aquela contra os enganos interiores que geram os nossos pecados”, sublinhou o Papa.

Conservar no coração o que é digno da relação com Deus

Para Francisco, é importante entender o que significa ‘pureza do coração’. “Para fazer isso, é preciso lembrar que, na Bíblia, o coração não consiste apenas em sentimentos, mas é o lugar mais íntimo do ser humano, o espaço interior onde a pessoa é ela mesma.”

“Mas o que significa coração “puro”?, perguntou o Pontífice. “O puro de coração vive na presença do Senhor, conservando em seu coração o que é digno da relação com Ele; somente assim é possível ter uma vida íntima ‘unificada’, linear, não tortuosa, mas simples.”

Libertação e renúncia

Segundo o Papa, “o coração purificado é o resultado de um processo que envolve libertação e renúncia. O  puro de coração não nasce como tal, viveu uma simplificação interior, aprendendo a renegar o mal em si mesmo, que na Bíblia é chamado de circuncisão do coração”.

Francisco sublinha que “essa purificação interior implica o reconhecimento daquela parte do coração que está sob a influência do mal, a fim de aprender a arte de deixar-se sempre instruir e ser conduzido pelo Espírito Santo. Através dessa caminhada do coração, chegamos a ver Deus”.

Ouvir a sede do bem que vive em nós

Nesta visão beatífica, há uma dimensão futura, escatológica, como em todas as bem-aventuranças: é a alegria do Reino dos Céus para onde caminhamos. Mas existe também outra dimensão: ver Deus significa entender os desígnios da Providência no que nos acontece, reconhecer sua presença nos Sacramentos, nos irmãos, sobretudo pobres e sofredores, e reconhecê-lo onde Ele se manifesta.

“Essa bem-aventurança é um pouco o fruto das precedentes: se ouvimos a sede do bem que vive em nós e estamos conscientes de viver em misericórdia, tem início uma caminhada de libertação que dura a vida inteira e nos conduz ao céu”, disse ainda o Papa. “É um trabalho sério e acima de tudo é uma obra de Deus em nós, nas provações e purificações da vida, que leva a uma grande alegria, a uma paz verdadeira e profunda”, concluiu Francisco.

*Fonte: Site do Vatican News

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