Feira da Caridade na Arquidiocese de Juiz de Fora

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O principal mandamento de Cristo é a caridade. O termo vem de “cháritas”, em latim, que significa amor. “Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15, 12). Santo Agostinho explica que o diferencial entre o amor de Cristo e o amor que outros pregam está na expressão “como eu vos amei”. Certamente o povo judeu já conhecia a lei do amor ao próximo, como se pode ler em Levítico 19, porém, há algo novo na maneira de Cristo amar. A distinção pode ser mostrada em dois aspectos: o amor de Cristo supõe o amor a Deus e o amor de Cristo é sem medidas. Ao doutor da Lei que lhe interrogou sobre o primeiro mandamento, ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo teu entendimento! Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos” (Mt 22, 37-40). Em outra vez afirmou: “Ninguém tem amor maior do que aquele que dá vida por seus amigos” (Jo 15, 13). E ensinou ainda mais: “amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem” (Mt 5, 44).

O amor se concretiza no bem que você faz aos outros. Não há, para Cristo, amor abstrato, mas parte do sentir para o agir e se traduz em atos e obras. Para se entender isto, leia-se o capítulo 25 do evangelho de São Mateus: “Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (cf vv. 35-37).

Chiara Lubic diz que ou o amor é concreto, ou não é amor.

A Igreja Católica, atenta ao mandamento do Senhor, desde sempre procurou praticar a caridade e é reconhecida como a organização que mais a pratica em todo o mundo e em toda a história. Não se afirma isto por vaidade, mas para dar glória a Deus e para partilhar a alegria da misericórdia.

Em Juiz de Fora, vai se tornando tradicional a Feira da Caridade que é realizada no mês de maio, com uma grande tenda no Parque Halfeld. No corrente ano, aconteceu nos dias 20 e 21. Todas as organizações católicas que, de alguma forma, prestam serviço caritativo expõem simpaticamente seus trabalhos com o fim de convidar a sociedade a ajudar a quem precisa de ajuda, a promover o bem, a partilhar o amor ao próximo da forma que cada um pode fazer. A palavra de Cristo “que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16) é o moto que a todos anima, para que na humildade e na ação concreta, seja garantida a vida digna àqueles que mais sofrem, aos que nada têm ou não têm o suficiente para viver.

A caridade está sempre unida à justiça. Há, no mundo de hoje, um sistema perverso que coloca o sentido da vida no lucro, em vez de se alicerçar na solidariedade. Há ricos que não se importam com o pobre e nem com o crescimento da pobreza. Para isso, é bom ler o que o Papa Francisco tem falado quase todos os dias, ultimamente, sobre esta situação de injustiça social que deixa o irmão morrer de fome.

O pecado social é mortal, leva à condenação aqueles que o praticam. Ler a parábola do rico avarento e do pobre Lázaro – Lc 16, 19-31 – será boa motivação para que se converta neste aspecto, como nos diz Francisco “aquele rico não percebia e deixava que o outro morresse de fome. Isto é pior. É fazer as pessoas morreram de fome com o seu trabalho para o meu proveito!” (Homília do dia 19/06/2016).

Pelo que ensina Papa Francisco, pode se entender que ser rico não é pecado, o pecado está em não repartir a riqueza e não se preocupar concretamente com os pobres. Vai nos dizer ainda o Papa: “É mais importante um copo de água em nome de Cristo que todas as riquezas acumuladas com a exploração das pessoas”, afinal, “ninguém pode levar consigo as próprias riquezas”.

Caridade sem justiça, não é a caridade de Cristo.

Se você não visitou a Feira da Caridade de Juiz de Fora neste ano, faça-o ano que vem e associe-se sempre a quem pratica o bem, ouvidos abertos ao mandamento maior do Mestre Jesus de Nazaré.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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