A Sexta-feira Santa é, para os católicos, marcada pelo silêncio, pela oração, pelo jejum e pela abstinência de carne. Este é o único dia do ano em que não há Celebrações Eucarísticas e seu auge se dá às 15h, quando é recordada a morte de Jesus Cristo na cruz, na chamada Ação Litúrgica.
Com algumas semelhanças na estrutura da Missa, esta celebração consiste na leitura da Sagrada Escritura e das dez orações especiais para o bem do mundo, adoração da Santa Cruz e Comunhão Eucarística. Na Catedral de Juiz de Fora, a cerimônia foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, e concelebrada pelo Vigário Geral da Arquidiocese, Monsenhor Luiz Carlos de Paula. Os diáconos Antônio Valentino e Waldeci Rodrigues auxiliaram na celebração.
Segundo Dom Gil, ao contrário do que muitos pensam, a Paixão do Senhor não deve ser vivida em clima de luto, mas de profundo respeito e meditação. O Arcebispo recorda que, ao morrer, Jesus foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. “Não podemos esquecer que Jesus sofreu e morreu de forma terrível por nossa causa; seria uma ingratidão. Celebramos a sexta-feira recordando a paixão do Senhor, o seu sacrifício e martírio, e isso devemos fazer todos os anos com respeito, com silêncio, com veneração. Mas sempre olhando para frente. A sepultura não foi a residência de Cristo; dali ele ressuscitou para não morrer mais.”
Depois de dois anos acompanhando as atividades da Semana Santa à distância, os fiéis lotaram a Catedral para a Ação Litúrgica. Após a celebração, todos os presentes fizeram questão de adorar a Cruz que estava exposta no altar, demonstrando respeito e emoção pela imagem que recordava a crucificação de Cristo. “É um grande gesto de amor de Deus para conosco e nós queremos agradecer, porque agora podemos celebrar com presença física os nossos sacramentos, as nossas liturgias”, disse Dom Gil ao comemorar o retorno do povo às igrejas.
Sermão do Descendimento e Procissão do enterro marcam a noite
Mais tarde, às 19h, os fiéis voltaram à Catedral para acompanhar o Sermão do Descendimento da Cruz, uma tradição da Igreja que visa auxiliar o povo a meditar sobre a entrega de Cristo por amor. O momento, que ocorreu do lado de fora da igreja, foi conduzido pelo Padre Elilio de Faria Matos Júnior, Vigário da Catedral Metropolitana, e contou com a colaboração dos Diáconos locais e de membros de pastorais.
Logo no início de seu discurso, o sacerdote convidou a todos para olhar o Cristo Crucificado, para captar todo o significado do evento do dia. Logo depois, juntos, rezaram a oração de Jesus ensinou e só então começou sua explanação. Na ocasião, ele tratou de aprofundar na reflexão da autodoação do Salvador, recordando que Deus podia ter salvado a humanidade de outras formas. “Ele quis que seu Filho viesse ao mundo, que entrasse na trama da história humana, para manifestar o amor, manifestar a gratuidade e a cruz é o grande símbolo da gratuidade. Jesus se doa totalmente, tudo pelos seus semelhantes, tudo pelo Pai! É assim que ele revela o sentido de nossa existência”, explicou ele.
Ao final do sermão, Jesus foi descido da cruz, teve início a procissão do enterro. “Através da procissão nós recordamos que a nossa vida é caminhar. Passamos por momentos de alegria, por dificuldades, tristeza, como temos passado pela pandemia, e na esperança de que alcançamos a ressureição, essa é a grande meta da vida cristã. Nós recordamos o sepultamento do Senhor, mas esse sepultamento não pode ser desvinculado da sua ressurreição, da vida divina que se manifesta no Domingo de Páscoa”, afirmou o Vigário.
*Colaboração: Danielle Quinelato