“Levar o amor de Deus às ruas”: Movimento Nossa Senhora pelas Ruas mantém viva a missão cristã em Juiz de Fora

O mês missionário terminou, mas a missão do cristão continua todos os dias. Em Juiz de Fora, um grupo de fiéis da Paróquia São Pio X tem vivido intensamente esse chamado, levando fé, alimento e acolhimento às pessoas em situação de rua. Criado há quase cinco anos como um ato de desagravo ao Sagrado Coração de Jesus, o Movimento Nossa Senhora pelas Ruas realiza ações mensais de assistência, distribuindo roupas, cobertores, produtos de higiene e refeições. No entanto, o que move o grupo vai além do suporte material: é a presença, o escutar e o amor que restauram a dignidade e fazem o Evangelho ganhar as ruas.

“Fazemos a missão de Nossa Senhora, acolhendo a todos com amor e carinho. Levamos alimento, roupa, água, mas, acima de tudo, levamos a presença de Jesus”, explica Diogo Moreira da Silva, Coordenador do movimento e da Comunidade Nossa Senhora do Carmo. Segundo ele, a iniciativa nasceu em um momento de oração diante do Santíssimo Sacramento. “Durante a festa de Nossa Senhora do Carmo, sentimos o chamado para sair e levar para as ruas o amor que recebemos aqui”, conta.

Antes de cada saída missionária, o grupo participa da Missa e da bênção de envio. “O centro é Cristo. Primeiro nos alimentamos d’Ele, para depois refletir o Evangelho com a nossa vida”, completa Diogo.

O Pároco da Paróquia São Pio X, Pe. Átila Latini Ribeiro, MSC, destaca que o trabalho do grupo é expressão concreta do Evangelho. “Eles saem, oferecem, sem julgamentos. Cumprem a missão que Jesus nos deixou: se alguém tiver fome, dê de comer; se tiver sede, dê de beber. Essa é a nossa missão. As demais medidas sociais cabem ao poder público, mas a Igreja está aqui para amar e servir”, ressalta.

“Mais recebemos do que damos”

Para os voluntários, a experiência de servir é transformadora. Fátima Albano participa há anos das ações e resume o sentimento de quem doa o tempo e o coração: “O Senhor sempre pede para a gente servir ao próximo. Eu sirvo com muita alegria, arrumo as roupas com carinho e vou para a rua feliz. Eles dizem que nosso movimento é uma loja de Deus, porque podem escolher o que precisam sem pagar nada. No fim, a gente mais recebe do que dá”, destaca.

Maria Dorotéia dos Santos auxilia na cozinha, preparando as marmitas. “Sinto muita paz. É tão bom poder ajudar o próximo. Fico sempre muito feliz”, diz. Já Helenita Santos lembra do impacto do primeiro contato com a realidade das ruas: “Foi triste ver de perto o que leva uma pessoa a chegar ali. Mas, ao ver a alegria deles recebendo o alimento, percebi como é importante estar presente. Se todos fizessem um pouco, muita coisa poderia mudar”, reflete.

A fé que consola e reconstrói

O movimento também conta com o apoio espiritual e pastoral da paróquia. O Vigário Paroquial, Pe. Rafael de Lima Coelho, MSC, acompanhou recentemente uma das missões. “Foram mais de 170 marmitas distribuídas. Mas o mais bonito é ver a Igreja inteira envolvida. Não é um grupo só que faz — é a Igreja que caminha junto, abraça, incentiva e se compadece dessas pessoas que muitas vezes são invisíveis à sociedade”, afirma.

Também a frente do movimento, a Coordenadora Ariane Pinto da Silva Moreira explica que o contato constante com as pessoas em situação de rua revela tanto histórias de superação, quanto realidades duras. “Há quem volte para casa, reencontre a família. Outros, infelizmente, a gente perde. Mas, em todos, há carinho e desejo de recomeçar. Muitos estão ali por falta de oportunidade, por dores da vida, por depressão. Nosso papel é acolher e orientar, mostrando que há sempre um caminho de volta”, pontua.

Uma missão que precisa de todos

O trabalho do Movimento Nossa Senhora pelas Ruas é sustentado por doações e pela dedicação dos voluntários. “Missionário é aquele que faz com o coração”, resume Maria de Lourdes da Silva, que há quatro anos participa das ações. “Precisamos de ajuda, de mais pessoas para que a obra continue. É uma irmandade que se forma entre os voluntários, e é maravilhoso viver essa missão”, complementa.

Quem quiser colaborar pode entregar doações na Comunidade Nossa Senhora do Carmo ou na Igreja Matriz São Pio X. Também é possível se tornar voluntário, ajudando nas ruas ou nos bastidores da missão. Os interessados podem entrar em contato pelo Instagram da comunidade (@n.s.carmo).

Pois, como lembra o lema do grupo, “ser missionário é deixar o amor de Deus ganhar as ruas” — e, nas ruas de Juiz de Fora, esse amor continua se espalhando, um gesto de fé e solidariedade por vez.

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