Equilíbrio e prudência ao tratar os fenômenos espirituais dos Servos de Deus em processo de canonização. Uma orientação dada pelo Papa Leão XIV nesta quinta-feira, 13, aos participantes do congresso “A mística. Os fenômenos místicos e a santidade”, organizado pelo departamento vaticano para as Causas dos Santos.
O evento foi realizado nos últimos quatro dias na Pontifícia Universidade Urbaniana, após encontros anteriores sobre santidade, dimensão comunitária e martírio. O tema deste ano foi dedicado à relação entre os fenômenos místicos e a santidade de vida.
A vida mística e a união com Deus
Leão XIV lembrou que a Igreja reconhece, há séculos, que no coração da vida mística está a consciência da íntima união de amor com Deus. Trata-se de um evento de graça que ultrapassa o conhecimento racional e pode se manifestar de diversas maneiras, com visões luminosas ou escuridões intensas. Esses eventos excepcionais, porém, complementou o Pontífice, devem permanecer sempre em “comunhão com Deus”.
“Os fenômenos extraordinários que podem conotar a experiência mística não são condições indispensáveis para reconhecer a santidade de um fiel: se presentes, eles fortalecem as virtudes não como privilégios individuais, mas como ordenados para a edificação de toda a Igreja, corpo místico de Cristo. O que mais importa e deve ser enfatizado no exame dos candidatos à santidade é a sua plena e constante conformidade com a vontade de Deus, revelada nas Escrituras e na Tradição apostólica viva. É importante, portanto, ter equilíbrio: assim como não se deve promover as Causas de Canonização apenas na presença de fenômenos excepcionais, também se deve ter cuidado para não penalizá-las se os mesmos fenômenos caracterizam a vida dos Servos de Deus.”
Prudência na avaliação dos fenômenos
O Papa salientou ainda o compromisso constante do magistério, da teologia e dos autores espirituais em fornecer critérios para distinguir os fenômenos espirituais autênticos das manifestações que podem ser enganosas. “Para não cair na ilusão supersticiosa, é preciso avaliar com prudência tais eventos, através de um discernimento humilde e conforme ao ensinamento da Igreja”.
Por fim, Leão XIV destacou que, no centro do discernimento sobre um fiel, está a escuta da sua fama de santidade e o exame da sua virtude perfeita. Esses fatores devem ser expressões de comunhão eclesial e íntima união com Deus. “Desempenhando esse precioso serviço estão especialmente aqueles como vocês que trabalham no âmbito das Causas de Canonização chamados a imitar os Santos e a cultivar assim a vocação que nos une a todos como batizados, membros vivos do único povo de Deus”, concluiu.
*Fonte: Canção Nova
por 