59ª AG: Estatuto da CNBB e saúde de bispos e padres foram abordados no segundo dia de trabalhos

*59ª Assembleia Geral da CNBB / Imagem: Vatican News
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Na manhã dessa terça-feira (26), segundo dia da primeira etapa da 59ª Assembleia Geral da CNBB, os bispos dedicaram uma hora da pauta para dialogar sobre o “Novo Estatuto da CNBB”. Um processo de revisão do Estatuto e Regimento da CNBB de 2002, iniciado em 2017.

O processo é conduzido por uma Comissão de Redação, formada pelo arcebispo de Ribeirão Preto (SP), dom Moacir Silva; pelo bispo auxiliar de Brasília (DF), dom José Aparecido Gonçalves de Almeida; e pelos padres Ewerton Fernandes Moraes, Tarcísio Pedro Vieira, Alberto Montealegre e Valdir Manoel dos Santos.

Durante a sessão desta manhã, dom Moacir Silva conduziu o assunto, retomando o caminho de revisão estatutária percorrido até o momento. Ele afirmou que, desde 2018, a Comissão de Redação está trabalhando sobre o texto, a partir do que foi pedido pela Santa Sé.   O texto elaborado foi enviado a todo o episcopado brasileiro dias antes do início da 59ª Assembleia Geral e, para dinamizar a discussão, foram designados dois bispos de cada macrorregião do Brasil para partilhar e fazer os apontamentos sobre o texto.

Foi unânime entre os bispos que partilharam, a gratidão pelo trabalho já realizado e a confirmação de que o preâmbulo do documento expressa a identidade e missão da Conferência: missionária, evangelizadora e sinodal. Os bispos sugeriram revisões quanto a alguns artigos, especialmente quanto à questão dos bispos eméritos, do vínculo que a Conferência possui com alguns Organismos, da regulamentação dos regionais, do acordo Brasil-Santa Sé, da estrutura da presidência e de algumas questões de padronização de termos.

A partir das contribuições apresentadas pelos bispos, que também foram enviadas por escrito, a Comissão de Redação do Estatuto vai reunir-se, na primeira semana de maio, para trabalhar no texto. A redação final deve ser apresentada para votação na segunda etapa da 59ª Assembleia Geral, que será realizada em Aparecida (SP), nos dias 29 de agosto a 2 de setembro. Após aprovação do episcopado, a revisão do Estatuto da CNBB será submetida à Santa Sé para a aprovação definitiva.

Informes da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé

O último assunto da pauta da manhã foram os informes da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé. O bispo da diocese de Santo André (SP) e presidente da Comissão, dom Pedro Carlos Cipollini, apresentou aos bispos o relatório de uma reunião com os membros e peritos que compõe a Comissão, realizada no último dia 2 de fevereiro, que teve por tema: “Interpelações à fé cristã e desafios teológicos pastorais, frente à pandemia e a proposta de uma Igreja Sinodal”.

Dom Cipollini fez uma leitura, na perspectiva dos sinais dos tempos na linha do Vaticano II, sobre os impactos trazidos pela pandemia da Covid-19, que expôs toda a fragilidade humana. “Nós, como Igreja, temos conseguido dar as razões de nossa esperança a partir da fé, em meio à crise?”, questionou.

Outra realidade analisada foi a da cultura digital, que tem influenciado a sociedade e a Igreja. A Comissão refletiu que este também é um lugar antropológico, social e religioso, ou seja, um lugar de se cultivar a fé. “Temos a necessidade de continuar aprofundando os temas essenciais para a vida humana, tais como, a relação com Deus, o valor da pessoa e da vida humanas, a liberdade, o sofrimento, etc., à luz das diversas disciplinas teológicas para dar respostas pastorais ao nosso tempo a partir da fé. Urge recuperar o humanismo cristão baseado numa fé sólida, para responder aos desafios da atual situação”, afirmou dom Cipollini, em sua conclusão.

A sessão da manhã foi encerrada pelo arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor de Oliveira Azevedo, que expressou gratidão aos bispos que, em suas intervenções, o parabenizaram pelo seu aniversário natalício.

Prestação de contas do Projeto Comunhão e Partilha e atuação da Comissão para os Bispos Eméritos

Durante a tarde, entre os assuntos em pauta, os bispos acompanharam a prestação de contas do Projeto Comunhão e Partilha e a comunicação da Comissão para os Bispos Eméritos. O projeto que auxilia a manutenção dos estudos de seminaristas de várias partes do Brasil investiu mais de R$ 270 mil em 2021, atendendo a 279 seminaristas de 37 dioceses. Já os bispos eméritos pontuam sua realidade no contexto da pandemia e iluminam as consciências com exortações do Papa Francisco sobre as pessoas idosas.

Coletiva de imprensa

A tradução da terceira edição típica do Missal Romano para o português foi um dos temas da entrevista coletiva do segundo dia da 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, dom Edmar Peron, falou aos jornalistas sobre o trabalho da Comissão para a Tradução dos Textos Litúrgicos (Cetel) para oferecer à Igreja no Brasil a versão em Português da última edição do “livro que garante a unidade entre o que a Igreja celebra e crê”. A tarefa da Cetel, segundo o bispo, conta com uma dupla fidelidade na tradução: “ao latim e à língua portuguesa”.

“O Missal garante a unidade porque o celebrar é justamente expressar a fé que nós meditamos continuamente. Ele é o livro que, favorecendo a boa celebração, também favorece a participação ativa, consciente e frutuosa das pessoas”, disse dom Edmar aos jornalistas.

De acordo com o bispo, a terceira edição do Missal Romano tem como referência São João Paulo II, que, ainda como Papa, reuniu o conteúdo que havia sido publicado e determinado desde o pontificado de Paulo VI e o enviou para todas as conferências episcopais, com o objetivo de que fossem traduzidas para as próprias línguas. “Às vezes imaginamos como se ele fosse um livro de regras, mas muito pelo contrário: as celebrações ficam livres por causa do missal. É um livro que vai ensinar todo mundo a rezar, por que o centro dele é a Oração Eucarística. Ele é um livro, algo concreto, com orações, textos a serem cantados, gestos a serem realizados, para manter a unidade da fé e favorecer a participação”, destacou.

“Nesta etapa da Assembleia, os bispos estão sendo consultados sobre as Orações Eucarísticas e, em agosto, na etapa presencial, será realizada a votação. Em seguida, todo o material será enviado para Roma, para que seja aprovado ou não. O que nós tivermos mudado, por exemplo, se acrescentamos um gesto, precisará estar no consentimento de Roma. Então: o que foi modificado precisa de um consentimento, e o que foi traduzido precisa ser confirmado”, esclareceu dom Edmar.

Já o bispo de Novo Hamburgo (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom João Francisco Salm, apresentou o processo de elaboração da pesquisa sobre a saúde dos bispos e padres no Brasil. O prelado iniciou sua exposição explicando o contexto que levou a Comissão ao desenvolvimento da iniciativa: “Vivemos tempos muito exigentes. Todos nós, homens e mulheres de todas as idades, também o padre e o bispo. Somos de carne e osso e sentimos o que todo mundo sente: dores, cansaços, dúvidas e medos”, apontou.

Dom João Francisco destacou que atualmente constata-se que há muitos padres e bispos que se sentem cansados ou desanimados e, diante desta realidade dolorosa, há um apelo à CNBB e à Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada para uma ação de cuidado do episcopado e do presbitério. “Mas o que fazer? Como prestar um serviço útil e fraterno neste sentido?”, questionou. “Na troca de ideias e olhando para experiências já existentes, percebemos então a necessidade de colher dados dos padres e bispos para que depois fossem analisados por especialistas a fim de ajudá-los”, relatou dom João.

Para dinamizar a pesquisa, foram elaborados dois questionários, um voltado aos bispos e outro direcionado aos padres. A ideia da Comissão é que o link aos bispos seja liberado na tarde desta terça-feira, via e-mail pessoal do episcopado do brasileiro. Já aos padres, o questionário será aplicado no Encontro Nacional de Presbíteros (de 9 a 14 de maio em Aparecida) e depois enviado às Pastorais Presbiterais de cada diocese.

*Fonte: Site da CNBB

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