Igreja no Brasil se mobiliza para a COP30 encontro debate presença e agenda de eventos

Foto: CNBB

Na manhã da última segunda-feira, 15 de setembro, teve início a Reunião Ampliada da Articulação Igreja Rumo à COP30, no Centro Cultural de Brasília (CCB). O encontro, realizado em formato híbrido, reuniu bispos, lideranças e representantes de diferentes instituições e tradições religiosas para avaliar o caminho percorrido até agora e alinhar a presença da Igreja na 30ª Conferência do Clima da ONU (COP30), que acontecerá em Belém (PA), em 2025.

Oração inter-religiosa e acolhida

A programação começou com um momento de oração inter-religioso conduzido pelo assessor da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso, Padre Marcus Barbosa, e com a participação de representantes de diversas religiões e de um representante da Iniciativa das Religiões Unidas (URI).

Em seguida, o Bispo Auxiliar de Brasília e Secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, acolheu a todos e agradeceu a presença dos irmãos de outras tradições religiosas, além de destacar a força e os frutos das Pré-COPs realizadas nas macrorregiões do Brasil que ultrapassaram as fronteiras do país: “Essas experiências mostraram que podemos fazer trabalhos conjuntos em nossas macrorregiões. Os frutos foram além das fronteiras geográficas, alcançando América Latina, Caribe, Ásia e África”.

O Bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora e Presidente da Comissão Especial para a Ecologia Integral e Mineração, Dom Vicente Ferreira, também acolheu todos os participantes e ressaltou a necessidade de unidade e esperança diante dos desafios atuais: “Cresce a necessidade de dar as mãos e superar os conflitos. Que a COP30 abra caminhos de construções coletivas, a exemplo da Campanha da Fraternidade 2025 sobre Fraternidade e Ecologia Integral”.

Reflexões sobre o caminho global até a COP30

Após a acolhida dos bispos, o antropólogo Aurélio Vianna Júnior apresentou uma análise de conjuntura sobre as articulações em preparação para a COP30. Iniciou sua fala dizendo que os desafios atuais, como guerras, genocídios e crises climáticas, “superam os limites das conferências oficiais”.

Traçando um panorama histórico desde a constituição da Ordem do Pós-Segunda Guerra, lembrou o surgimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e das convenções que marcaram o ciclo social das Conferências da ONU, fundamentais para a afirmação de direitos. Foi nesse contexto que as agendas globais passaram a ser pautadas pelos direitos humanos e surgiram novos movimentos sociais (mulheres, negros e ambientalistas), sendo que estes últimos ganharam força diante da reflexão sobre Hiroshima.

Aurélio destacou o papel histórico da Rio 92, que representou uma primeira grande ação multilateral de proteção das florestas e deu origem a convenções centrais, como a de Biodiversidade e a de Mudanças Climáticas.

Para ele, esse foi um marco do socioambientalismo e da vinculação entre pautas sociais e ambientais. “Desde a Rio 92 foram 29 COPs, mas eu diria que, somente a partir do início deste século, o combate às mudanças climáticas passa a reconhecer os sujeitos de direitos”, afirmou.

Chegando à COP 30, observou que movimentos indígenas e quilombolas assumem um protagonismo inédito, ao apresentarem propostas próprias de contribuições nacionalmente determinadas (NDCs), que incluem a garantia de territórios e a preservação das florestas como ativos essenciais no combate às mudanças climáticas. Aurélio ressaltou ainda a necessidade de articular clima e paz, lembrando que “as emissões de guerras não entram nas estatísticas oficiais”, e destacou que esse momento pode favorecer novas alianças multilaterais e a autonomia dos territórios.

Resultados parciais da Articulação Igreja Rumo à COP30

Na segunda parte da manhã, Rocheli Koralewski e Jaqueline Bertoldo, da Secretaria Executiva da Articulação Igreja Rumo à COP30, apresentaram o relatório parcial das ações da iniciativa, intitulado “O cuidado é agora”.

O documento apresenta números sobre a ação da articulação até aqui, como os cinco encontros Pré-COP realizados em todas as regiões do Brasil, a participação de mais de 500 multiplicadores, a publicação de quatro materiais (com outros em produção, incluindo guias, e-books, livro e revista científica) e a circulação mensal de boletins informativos.

O relatório também registra o apoio crescente de mais de 100 organizações que vêm participando ativamente das reuniões ampliadas. O material completo pode ser acessado clicando aqui.

Próximos passos

Durante a tarde, foram apresentadas as atividades previstas para a presença da Igreja na COP30: a Cúpula dos Povos, o Tapiri Ecumênico e Inter-religioso e o Simpósio da Igreja na COP30. Em seguida, os participantes se reuniram em grupos de trabalho para projetar o pós-COP30, identificando prioridades e estratégias para manter viva a articulação em favor da ecologia integral e da paz. As contribuições estão sendo sistematizadas pela coordenação geral e irão orientar os próximos passos da estratégia da Igreja na defesa do cuidado com a Casa Comum.

Ainda no período da tarde, a jornalista Letícia Florêncio, integrante do grupo de trabalho de Comunicação da Articulação, apresentou a versão preliminar do Plano de Comunicação da Igreja na COP30. O documento recebeu sugestões dos representantes das entidades presentes e será consolidado ao longo nos próximos dias.

O encontro foi encerrado com uma oração de envio, conduzida pelo Bispo de Sete Lagoas (MG) e membro da Comissão para a Ecologia Integral, Dom Francisco Cota, e por Dom Vicente de Paula Ferreira. A evento marcou mais um passo na mobilização da Igreja no Brasil rumo à COP30, reafirmando a missão de unir fé, justiça socioambiental e esperança diante dos desafios climáticos globais.

*Fonte: CNBB

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