Na última quarta-feira, 29 de outubro, o Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Juiz de Fora, acolheu um momento de fé e tradição. A igreja sediou a celebração da Páscoa dos Militares e a Crisma dos alunos do Colégio Militar, em cerimônia presidida pelo Arcebispo do Ordinariado Militar do Brasil, Dom Marcony Vinícius Ferreira.
A Páscoa dos Militares é celebrada fora do Tempo Pascal desde o fim da Segunda Guerra Mundial, como forma de recordar os soldados que, em combate, não puderam participar das celebrações religiosas, além de homenagear aqueles que perderam a vida. Neste ano, a comemoração também marcou os 80 anos do retorno da Força Expedicionária Brasileira (FEB) da Itália, o que deu um tom ainda mais simbólico à cerimônia.
Durante sua homilia, Dom Marcony explicou a origem e o sentido espiritual dessa tradição: “Alguns podem se perguntar: por que celebrar a Páscoa agora, tão perto do Natal? Mas essa tradição vem dos nossos pracinhas – termo popular para os soldados brasileiros – que, ao retornarem da Itália, em 1945, desejaram uma Missa de Páscoa para agradecer a Deus o dom da vida e rezar pelos companheiros que não voltaram. Páscoa é vida, é Cristo ressuscitado, é a presença de Jesus em nós — é o Senhor que vence até a morte”.
Segundo ele, esta é a maior festa que tem dentro das Forças Armadas, por mais que eles tenham o Dia da Independência e outros dias, mas é um dia esperado por toda a Força para agradecer a Deus aquele ano e para pedir os benefícios para a missão, a missão de dar a vida por todos e cada um dos brasileiros. “É assim que eles juram quando juram a bandeira, mais do que um pedaço de pano, ali está cada um dos brasileiros, por isso é o nosso símbolo. E celebrar a Páscoa é trazer Cristo ressuscitado. Ele também deu a vida para fortificar os nossos militares a todos os dias estarem dispostos a dar a vida pela paz no nosso Brasil”, afirmou.
O Arcebispo também fez uma reflexão profunda sobre o verdadeiro sentido da paz — especialmente para aqueles que vivem a missão militar. “Nós somos treinados para a guerra, mas a guerra é o último instrumento para garantir a paz. Não somos homens da morte, somos homens da vida e da paz. A paz é a presença de Deus em nós. Podemos estar numa trincheira e estar em paz; e podemos estar num ambiente de paz e viver em guerra. A verdadeira paz é o Cristo ressuscitado em nossos corações”, pontuou.
Inspirado no Evangelho, Dom Marcony ainda recordou a figura de Tomé e a importância da fé. “Jesus convida Tomé a tocar suas chagas e acreditar. Assim também Ele fala conosco. Cristo está conosco, caminha conosco, está na nossa missão de cada dia. Por isso, cada ato de serviço, cada gesto de doação, é também uma celebração da Páscoa”, concluiu.
A celebração contou com a presença de militares do Exército, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros, alunos e familiares do Colégio Militar, além da comunidade civil. O Capelão Militar da 4ª Brigada de Infantaria Leve (Montanha), Padre Tales Tadeu Ananias, expressou a alegria em receber o Arcebispo do Ordinariado. “Foi com grande alegria e fé que celebramos esse momento, acolhendo o Arcebispo Militar e reunindo a família militar e civil. A Páscoa dos Militares é uma celebração de gratidão e esperança”, destacou.
Já o Monsenhor Eduardo Almeida da Rocha, Pároco e Reitor do Santuário, destacou a importância de sediar a cerimônia. “É uma grande alegria acolher essa bonita tradição na vida da Igreja, que acontece todos os anos nas guarnições militares do Brasil. Que Deus abençoe a missão dos nossos militares, espalhados por todo o país e também aqui na nossa Arquidiocese”, expressou.
Dom Marcony reforçou que celebrar a Páscoa é renovar diariamente a fé e a disposição de servir. “Celebramos a Páscoa quando cumprimos nossa missão com amor e fé — seja limpando um pátio, servindo um café ou tomando decisões que impactam vidas. Páscoa é vida partilhada, é Cristo ressuscitado agindo em nós e por meio de nós”, frisou o Arcebispo.
Clique aqui para conferir alguns registros da Páscoa dos Militares.
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