Catedral celebra tríduo em memória do Monsenhor Falabella

A partir desta quarta-feira, dia 24 de setembro, o saudoso Monsenhor Miguel Falabella de Castro será homenageado na Catedral Metropolitana. O sacerdote, falecido em 2020 em decorrência da Covid-19, terá seus restos mortais transladados para a Igreja onde serviu por 39 anos. O momento contará com tríduo de acolhida e será finalizado com o sepultamento na Cripta da “Igreja Mãe”.

O atual pároco da Catedral, Padre João Paulo Teixeira Dias, contou que a iniciativa partiu de um desejo que o acompanha desde que começou sua missão nesta paróquia. “Senti no coração este desejo e sei que também é um desejo do coração de muitos padres, de muitos fiéis da nossa igreja, de prestarmos esta carinhosa homenagem a ele, que trabalhou aqui na Catedral durante 39 anos. Creio que, no céu, ele está feliz, e será um sinal vocacional para todos nós”, explicou.

Padre João Paulo é uma das testemunhas da acolhida prestada por Monsenhor Falabella. “Quando eu cheguei em Juiz de Fora, no ano de 2000, para prestar vestibular para o curso de Bioquímica, comecei a frequentar a Igreja São Sebastião e, depois, a Catedral. E numa conversa com o Monsenhor, lembro-me de que ele me recebeu com muita alegria”.

Imagem retirada do jornal Tribuna da Tarde de 1992

Além disso, ele está presenciando o carinho que muitos possuem pela memória do sacerdote falecido. “Algo muito bonito neste tempo de preparação é perceber muitas pessoas que ficam até emocionadas quando escutam que faremos esta homenagem. Destaco aqui, por exemplo, uma funcionária do cemitério, quando chegamos lá para fazer o processo da exumação. Ela pegou a documentação e perguntou: ‘Para onde vocês vão levar o Monsenhor?’ E respondemos: para a Catedral. Naquele momento, ela ficou emocionada e disse que ele merece. Do mesmo modo, em outros lugares, como a funerária, todos diziam essa palavra: ele merece. Eu acredito que o Monsenhor Falabella, em Juiz de Fora, deixou este bonito sinal de fé”.

Sua trajetória

Nascido em 1931, Monsenhor Falabella cresceu em um lar católico e teve sua vocação despertada cedo, entrando no internato do Seminário Santo Antônio antes de completar 11 anos. Foi ordenado pelo primeiro bispo da então Diocese, Dom Justino José de Santana, em 1954. Trabalhou em inúmeras frentes desta Igreja Particular, servindo-a por mais de 60 anos de sua vida.

“A primeira missa [que presidi] foi o momento mais importante da minha vida. Eu tive a sensação de estar inundado por uma força de Deus, uma coisa extraordinária. A gente toma consciência da pequenez do homem frente a Deus. O nada em função do Todo”, disse ele em entrevista ao jornal Tribuna da Tarde em 1992.

Diversas vezes em destaque nos jornais, sem fugir de perguntas difíceis, sempre foi apresentado como “figura de alento e conforto”. Foi uma figura respeitada na cidade, com uma trajetória que se confunde com a história de Juiz de Fora.

Padrinho e pai espiritual
Padre Leonardo discursando na Ação de Graças pelos 60 anos de ordenação de Miguel Falabella

Outro sacerdote da Igreja de Juiz de Fora que possui grande carinho por Monsenhor Falabella é o Padre Leonardo José de Souza Pinheiro. Inspirado por sua trajetória, tornaram-se grandes amigos, chegando a considerá-lo como pai. “Eu o conheço desde os meus seis anos de idade. Veja bem que eu falo ‘conheço’ porque a memória dele ainda é viva. Quando me refiro a ele, não me refiro a alguém que morreu, que partiu, mas a alguém que está muito presente na minha vida e na minha história. Sobretudo no modo como ele vivia o sacerdócio, o amor a Cristo, sobretudo na Eucaristia, que eu pude testemunhar tantas vezes, no carinho e no cuidado que ele tinha, mas também na atenção às pessoas, aos pobres, aos que o procuravam para serem ouvidos”, relatou.

“Quando se fala da figura dele em Juiz de Fora, fala-se de um grande sacerdote que marcou não só pelos anos de sacerdócio que viveu, mas que marcou muito a cidade pelos quase 40 anos em que atuou na Catedral. Monsenhor tinha uma facilidade de diálogo com qualquer pessoa da sociedade, dos mais simples às autoridades. Ele era uma referência para todos”, afirmou Pe. Leonardo.

Quando questionado sobre a homenagem, Padre Leonardo Pinheiro, convicto do merecimento, comentou sobre a atuação do presbítero: “Historicamente, eclesialmente, existe uma continuação e uma relação muito significativa entre o Monsenhor Falabella e a Catedral de Juiz de Fora. Então eu também faço eco como testemunha… dos meus seis anos até os meus 23, eu testemunhei o trabalho do Monsenhor na Catedral. E, nesses 17 anos, atuei com ele em várias atividades… fui sacristão dele durante muitos anos, antes de entrar para o seminário em 1996. Eu era sacristão da Catedral, então sempre tive uma atuação e uma convivência muito próxima com o Monsenhor. Por isso, acho que é algo merecido e que me emociona muito, porque recorda e traz à tona muitos fatos da história”.

Programação

O tríduo de acolhida do Monsenhor Miguel Falabella terá início na quarta-feira (24) com Santa Missa, às 19h. Na quinta-feira (25), também haverá Eucaristia às 19h. Na sexta-feira (26), às 16h, ocorre o translado de seus restos mortais para a Catedral. Na chegada, prevista para as 17h, haverá acolhida com a presença da Corporação Musical “Sociedade Euterpe Monte Castelo”. Em seguida, oração do Santo Terço e Missa às 19h. Haverá ainda homenagens do Coral Benedictus, do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e da Pastoral Familiar, de modo que a Catedral ficará aberta até às 22h.

Já no sábado (27), dia marcado para o sepultamento, a programação será extensa, iniciando com o Santo Terço às 6h. Na sequência, Missa e visitação para oração. Às 12h, novamente Oração do Santo Terço. Finalizando, Santa Missa às 15h, presidida por Dom Gil Antônio Moreira, Arcebispo Metropolitano. Em seguida, acontecerá o sepultamento na Cripta do local.

Além da despedida que não foi possível realizar na época, o Monsenhor Falabella também vai representar as pessoas que faleceram neste tempo difícil e não tiveram um adeus devido à pandemia.

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