Durante o segundo dia da Semana Missionária, promovida pelo COMISE do Seminário Diocesano Nossa Senhora da Providência e Santo Oscar Romero, da Diocese de Barra do Piraí–Volta Redonda (RJ), o Assessor Arquidiocesano da Pastoral Carcerária, Padre Welington Nascimento de Souza, conduziu a formação com o tema “Missão sem fronteiras: da África às prisões, esperança que liberta”.
O encontro, realizado em Petrópolis (RJ), reuniu seminaristas das etapas de Filosofia e Teologia e buscou refletir sobre o sentido da missão em diferentes realidades humanas, à luz da Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, que há 50 anos inspira a Igreja a viver a evangelização como expressão de esperança.
A missão na África: fé, comunhão e solidariedade
Durante a formação, o sacerdote partilhou sua experiência missionária em Angola, vivida no mês de julho deste ano. Ele destacou que a missão na África exige compreender a rica diversidade cultural do continente e vivenciar os valores da comunhão, hospitalidade e solidariedade. “Na África, não se diz ‘isso é meu’, mas ‘isso é nosso’. A missão ali é ser com os outros”, ressaltou.
Segundo ele, a evangelização no continente africano é inseparável da história e da vida comunitária do povo. A fé africana se expressa em uma relação profunda com o divino, na qual o missionário é chamado não a ensinar o africano a crer, mas a conduzi-lo ao encontro pessoal com Jesus Cristo.
No entanto, essa missão também enfrenta grandes desafios culturais, sociais e religiosos, como os impactos da globalização, a pobreza, o sincretismo e a proliferação de seitas. Ainda assim, é no encontro com o outro que o missionário descobre o verdadeiro sentido de anunciar o Evangelho.
Pastoral Carcerária: presença evangelizadora nos espaços esquecidos
Além da missão internacional, Padre Welington atua como Assessor da Pastoral Carcerária do Regional Leste 2 da CNBB e na Arquidiocese de Juiz de Fora (MG). Ele explicou que a presença da Igreja nos presídios é um chamado concreto à vivência do Evangelho da libertação.
“A Pastoral Carcerária nasce com o próprio Cristo, que envia os discípulos a anunciar liberdade aos cativos. Nossa missão é testemunhar a dignidade humana dentro dos cárceres, lutando por justiça e acolhimento”, afirmou.
A pastoral se organiza em todo o país como sinal vivo da solidariedade da Igreja com os mais marginalizados. Com visitas regulares, acompanhamento espiritual e ações educativas, os agentes pastorais buscam transformar a realidade prisional, promovendo a justiça restaurativa e a reinserção social das pessoas privadas de liberdade. Essa ação missionária reflete o espírito da Evangelii Nuntiandi, que convida a Igreja a anunciar o Evangelho não apenas com palavras, mas também transformando estruturas injustas.
Evangelização e esperança dentro e fora das fronteiras
Ao relacionar as experiências na África e nos presídios, o presbítero reforçou que toda missão é um ato de esperança. Inspirado pelas palavras de São Paulo VI, lembrou que evangelizar significa renovar a presença de Cristo em todos os ambientes, ultrapassando barreiras culturais e sociais.
“A evangelização é uma tarefa que nasce da alegria de anunciar a Boa Nova a todos os povos. Não há fronteiras para quem se deixa conduzir pelo Espírito”, pontuou.
A Evangelii Nuntiandi recorda que a missão da Igreja é integral: deve alcançar o ser humano em todas as suas dimensões, promovendo comunhão, dignidade e libertação. Nessa perspectiva, tanto o missionário que parte para terras distantes quanto aquele que visita os cárceres partilham o mesmo chamado — o de ser testemunha da esperança.
Chamado à missão de cada cristão
Encerrando sua fala, Pe. Welington recordou que todo batizado é chamado a ser missionário, levando a mensagem de Cristo em seu ambiente cotidiano — na família, no trabalho, nas comunidades eclesiais.
“Anunciar o Evangelho não é um título de glória, mas uma necessidade que nos move. Cada cristão é chamado a ser presença de Cristo onde está”, concluiu.