Jubileu da Juventude em Juiz de Fora

Jovens vindos das três Dioceses da Província Eclesiástica de Juiz de Fora, que inclui as Dioceses de Leopoldina e São João del Rei, se reuniram aos milhares como “Peregrinos da Esperança”, num festival de alegria e fé. A liturgia do 18º Domingo do Tempo Comum dominou o clima do evento, recordando a efemeridade dos bens materiais e contemplando os valores ensinados por Cristo como única e verdadeira riqueza da vida humana.

O evento deu-se em sintonia eclesial com o Jubileu da Juventude, que aconteceu na mesma data em Roma (Itália), quando o Papa Leão XIV reuniu mais de um milhão de jovens na Esplanada Torr Vergata, e após a vigília, que durou toda a noite, celebrou, na manhã do dia 3 de agosto de 2025, a Santa Missa Jubilar. Os dois eventos, ainda que separados à distância geográfica, traduziram-se em um grande encontro de Peregrinos da Esperança, centrados na pessoa de Jesus Ressuscitado, que dá sentido à vida humana.

Olhando aquela multidão de jovens em Roma, não há como não recordar da Missa da Jornada da Juventude do ano 2000, presidida pelo então Papa João Paulo II, quando encheu de entusiasmo o coração dos jovens daquela época para que abraçassem com amor a Jesus Redentor e o levassem para todo o mundo. Ficou marcada em nossa emoção a música Jesus Christ you are my life, agora repetida neste feliz evento de Leão XIV.

Também nos recordamos da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro, em 2013, quando o saudoso Papa Francisco enviou, com o mesmo entusiasmo, os jovens para propagar o amor de Cristo em todos os recantos do globo terrestre. Estão muito presentes em nossos ouvidos suas últimas palavras na praia de Copacabana: “Ide, sem medo, para servir”. Na ocasião, realizamos em nossa Província Eclesiástica o primeiro grande encontro juvenil – a que os jovens chamaram de Bote Fé – para a devida preparação da Jornada. Na atual oportunidade, a juventude recobrou o simpático título e classificou o seu encontro jubilar de Bote Fé 2.0.

Jubileu é isto: celebrar Jesus Cristo, recordando de 25 em 25 anos, com atos especiais, a encarnação do Verbo de Deus, através do seio virginal de Maria, para a salvação da humanidade. Somos sempre peregrinos ao encontro de Jesus, que veio ao mundo para nos salvar, nos ensinar a viver nos caminhos de Deus e nos conduzir ao céu, nosso lugar definitivo e eterno. De fato, não há maior riqueza do que esta: ter Jesus como nosso salvador, nosso companheiro de viagem, nosso amigo perfeito, pois foi capaz de perder tudo e dar sua vida por nós. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13).

A liturgia daquele domingo recordou o momento em que Jesus fez às multidões, e a todas as gerações, sua catequese sobre a única e verdadeira riqueza que se deve buscar na Terra: a união com Deus, pois só Deus pode preencher o coração da pessoa humana. Desapego das coisas materiais, utilizar as coisas que possuímos em benefício do próximo, nunca de forma egoística é o segredo para uma vida verdadeiramente feliz que ultrapassa os limites do tempo e do espaço.

No livro do Eclesiastes, o autor sagrado recorda como as coisas da Terra são passageiras e não merecem ocupar o lugar principal de nossa vida, proclamando: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade” (Ec 1,2).

O salmo de meditação faz rezar utilizando a imagem da erva que de manhã é viçosa e bela, mas à tarde murcha e seca. As ervas e as flores, de fato, obedecendo ao ritmo ecológico, nascem e morrem em todas as estações, mas a vida é sempre vitoriosa sobre a morte. Assim acontece com a pessoa humana que vai envelhecendo, mas experimenta, ao mesmo tempo, a força da vida que prevalece. Um dia serão vencidas as investidas da morte e viveremos eternamente no jardim de Deus.

Na segunda leitura da missa daquele dia, São Paulo, escrevendo aos Colossenses, afirmava: “Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; aspirai as coisas celestes e não as terrestres” (Col 3, 1). Mais à frente insiste: “Fazei morrer em vós o que pertence à Terra: imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria” (Col 3, 5).

No evangelho do dia, os jovens puderam recordar que Jesus, tendo sido provocado por um homem sobre questões de herança, aproveitou a ocasião para falar sobre os verdadeiros valores da vida, que valem muito mais que as riquezas da Terra, muito mais que o ouro e que a prata. Jesus, na ocasião, conta a parábola do homem rico que teve sucesso em sua colheita, mandou derrubar os seus celeiros, construir outros maiores e pensava que agora poderia gozar a vida. Mas naquela mesma noite morreu. E conclui o Mestre de Nazaré: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo e não é rico diante de Deus.” (Lc 12, 21).

Foi ocasião de verificar que Jesus não condena as riquezas em si, mas sim a ganância, o egoísmo, o materialismo, o desprezo pelas virtudes humanas e cristãs que são riquezas eternas. O dinheiro, as posses, as propriedades são coisas deste mundo, e ao momento da morte ficam aqui. Mas há riquezas que ultrapassam os limites de nossa sepultura e são básicas para obtermos a vida eterna junto de Deus. Só em Cristo está a esperança que não fenece, pois a esperança não decepciona quando nossa riqueza é Deus.

Os jovens puderam refletir sobre a necessidade de bens materiais para viver neste mundo, mas também sobre a insensatez de quem acumula riquezas e não tem a sensibilidade de repartir, de se lembrar do pobre e infeliz. Ser jovem cristão é ter disposição para trabalhar para um mundo mais justo, onde as riquezas sejam melhor distribuídas e não prevaleça o egoísmo e o consumismo. Quanto a isto, foi observado que as ideologias socialistas de coloração marxista têm se mostrado insuficientes, pois a história já demonstrou que nada resolveram neste campo, uma vez que usam métodos ambíguos, desprezando a liberdade das pessoas, utilizando recursos violentos e, muitas vezes, caindo no erro de justificar os meios para atingir o fim, o que gera corrupção e desrespeito à dignidade humana.

Porém, temos a Doutrina Social da Igreja que aponta caminhos de solução com a prática da partilha, do amor fraterno que vence o egoísmo e o ódio, e não ferem a verdade. Quanto a isto, os jovens puderam constatar como somos agraciados pelo atual Sucessor de Pedro, que escolheu para si o nome de Leão XIV, valorizando a autenticidade da referida Doutrina Social da Igreja, iniciada pelo Papa Leão XIII, no século XIX. Aos jovens, cabe perguntar: quais são as riquezas espirituais que devemos buscar na vida e que são eternas? Olhando para a jovem Maria de Nazaré, a Mãe do Senhor, que peregrinou na Terra e já se encontra no céu, pediu-se que, como mãe bondosa, ensine a humanidade a caminhar, pois é a Senhora da Esperança que nunca engana, pois a esperança não decepciona quando nossa riqueza é Deus.

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

Notícias

Instagram

Facebook

Veja Também