Na noite da última quarta-feira, 23 de abril, a Catedral Metropolitana de Juiz de Fora reuniu fiéis, seminaristas e membros do clero para a Missa em Sufrágio pela alma do Papa Francisco. A celebração foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, e marcou um momento de ação de graças pela vida e missão do pontífice e oração por sua alma e pelo Conclave que se aproxima.
A liturgia do dia — que incluiu a leitura dos Atos dos Apóstolos e o trecho do Evangelho de São Lucas sobre os discípulos de Emaús — inspirou a homilia de Dom Gil, que ressaltou o caráter profundamente pascal do falecimento do Papa Francisco. “Deus quis que o Papa Francisco morresse justamente no ápice da celebração litúrgica da Igreja, que é a Ressurreição do Senhor”, afirmou.
Um Papa para os desanimados
O Pastor Arquidiocesano fez uma analogia entre a cura do paralítico narrada em Atos e a missão de Francisco: “Ouro e prata eu não tenho, mas o que eu tenho eu dou: é Jesus Cristo. Essa era a mensagem do Papa ao mundo”, declarou. O Arcebispo lembrou ainda como o Santo Padre, ao longo de seu pontificado, anunciou o Evangelho com simplicidade, desapego e uma opção firme pelos pobres. “O Papa tentou ser para o mundo de hoje um outro Cristo, tirando do desânimo os desanimados, e oferecendo esperança aos desesperançados”.
A referência à narrativa evangelista trouxe à tona uma das marcas mais profundas do pontificado de Francisco: o acolhimento das fragilidades humanas e a proclamação incansável da misericórdia divina. Ele não negava as sombras do mundo e da Igreja, mas, como Cristo com os discípulos, se aproximava dos corações feridos com escuta, simplicidade e presença. “Ele era um homem realista, sabia que todos éramos pecadores, mas sabia que Deus é misericórdia e pode levantar uma pessoa da sua paralisia e da sua escuridão”, destacou Dom Gil. Como no evangelho, a mensagem do Papa reacendia a luz no coração de muitos, como um gesto silencioso de partir o pão — um sinal de que Deus está presente, mesmo quando parece ausente.
Essa dimensão humana e pastoral tornou Francisco um referencial espiritual para aqueles que se sentiam à margem, esquecidos, ou em crise de fé. O Arcebispo recordou que a primeira palavra de Francisco como pontífice foi misericórdia, enquanto a última foi esperança. “Misericórdia e esperança: este é o legado de Papa Francisco. Não perder a esperança, não desanimar e não deixar que a escuridão nos domine”, exortou.
Legado para os jovens
A homilia também rememorou a presença marcante do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude, especialmente a realizada no Rio de Janeiro em 2013. “Ele terminou aquela jornada dizendo aos jovens: ‘Ide pelo mundo, pregai o Evangelho’. Nós não temos muita coisa para oferecer, mas vocês, jovens, devem oferecer Jesus Cristo ao mundo”, pontuou.

Na Arquidiocese de Juiz de Fora, a Comunidade dos Jovens Missionários Continentais (JMC) é fruto de um ardor missionário despertado nesta JMJ. Para Marina Lopes de Assis, membro da JMC, apesar da tristeza por sua partida, é também um momento de esperança e gratidão por todo o legado deixado e pela proximidade de Francisco com a juventude. Ela recordou ainda as palavras do Papa durante as três JMJ das quais participou. “Em todas elas, palavras muito encorajadoras para nós não termos medo, anunciarmos Jesus a todos os povos e ele sempre com muito carinho, dando a abertura da Igreja para todas as pessoas, motivando a deixarmos as portas da Igreja escancaradas e sairmos além das fronteiras […] São palavras que nos motivam a ir ao serviço de Deus, para a edificação do Reino”, descreveu.
Uma Igreja em oração
Ao justificar a escolha da data da missa, o Arcebispo destacou que foi neste dia que o corpo do Papa foi exposto na Basílica de São Pedro para veneração dos fiéis. “Em todas as paróquias da Arquidiocese, as missas de hoje foram celebradas em sufrágio de sua alma, mas também em agradecimento por tudo o que ele foi e fez”, afirmou.
O Pastor Arquidiocesano finalizou a celebração convocando os fiéis a rezarem pelo conclave que se aproxima. “Nós participamos desta eleição através da oração. Devemos rezar não apenas pela alma do Papa Francisco, mas também pelo próximo papa que será eleito para que ele tenha as luzes de Deus para governar com justiça, paz e santidade”, estimulou.
Dom Gil frisou, ainda, que os fiéis não devem atribuir questões políticas à eleição do pontífice. “Isto não nos interessa, devemos acolher com o coração aquele que foi enviado por Deus […] Peçamos ao Espírito Santo que adiante o Pentecostes para o conclave eleger o novo sucessor de Pedro”, concluiu.
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