Visita Ad Limina 2022: bispos do Norte 1 e Noroeste apontam o crescimento da Cúria na promoção da comunhão e no serviço à Igreja

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Os bispos dos Regionais Norte1 e Noroeste da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encerraram na sexta-feira, 24 de junho, a visita Ad Limina Apostolorum iniciada na segunda-feira, dia 20, com um encontro com o Papa Francisco. O Arcebispo de Porto Velho (RO) e Presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Dom Roque Paloschi, em entrevista ao Vatican News, disse que o Santo Padre afirmou não ter intenção de renunciar ao pontificado.

Segundo o Bispo de São Gabriel da Cachoeria (AM), o encontro com o Papa Francisco foi marcado pela extrema cordialidade e liberdade presente nas mais de duas horas de conversa com o Santo Padre. O também presidente do Regional Norte1 da CNBB definiu as visitas aos dicastérios como muito boas e afirmou ser possível perceber que em todos eles se respira a “Praedicate Evangelium” e que a Cúria Romana está a serviço do Papa e das conferências episcopais. Dom Edson Damian ressaltou o clima de liberdade dada aos bispos para “falar e expor nossas preocupações e nos escutar com muito respeito e atenção”.

O presidente do Regional Norte1 enfatizou se tratar de um tempo novo para Igreja. “Voltamos para a Amazônia com muita esperança, com muita alegria, e sabendo que aqui nos escutam e vão nos ajudar muito, sobretudo para aplicar as conclusões do Sínodo para a Amazônia, a enculturação do Evangelho, a liturgia inculturada, e incluso insistem em que façamos um rito amazônico para as nossas Igrejas”, afirmou.

No último dia aconteceu o encontro com o Dicastério do Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos presidido por dom Arthur Roche. Em referência ao Arcebispo de Manaus (AM), Dom Leonardo Ulrich Steiner, ele começou fazendo uma recepção especial ao seu ‘novo’ confrade de 27 de agosto. Junto a ele, Dom Leonardo será criado cardeal no próximo consistório. O encontro, mais uma vez em um clima de diálogo fraterno, quis responder aos relatórios quinquenais enviados pelos bispos, tendo como base os Motu Próprios Traditionis Custodes e Antiquum Ministerium.

Segundo afirmou o Prefeito do Dicastério, os relatórios enviados mostram o grande número de catequistas e ministérios. Ele também abordou a atual situação do Brasil e convidou os bispos a partilharem sobre como a pandemia marcou a vida litúrgica das Igrejas. Seguindo as conclusões do Sínodo para a Amazônia, diante da falta de Eucaristia em muitas comunidades, o Dicastério está aberto à discussão sobre o tema. Roche foi abordando os diferentes sacramentos e chamou os bispos a investir em formação litúrgica dos padres, seminaristas e leigos.

O Cardeal eleito valorizou o processo de iniciação cristã e piedade popular no Brasil, criticando as “mentalidades fechadas” que usam esquemas litúrgicos para defender seu próprio ponto de vista. Ele ressaltou que “adaptações são uma coisa e reescrever o roteiro é outra”. Finalmente, insistiu aos bispos em que não estão sozinhos, que sua responsabilidade é local mas também universal e que “caminhar juntos é a nossa força”, colocando o Dicastério a serviço dos prelados.

Povos e realidade amazônica

Outro encontro realizado no último dia da visita foi com o Dicastério para a Evangelização, presidido pelo cardeal Fisichella. O Dicastério tem como missão trabalhar para “ser Igreja que evangeliza, um elemento chave, respondendo à realidade atual, que muda constantemente”. Os bispos partilharam a situação do povo da Amazônia que, segundo eles, continua vivendo de forma precária devido às políticas públicas que não favorecem nossos povos tradicionais, indígenas, ribeirinhos, caboclos, quilombolas e outros. Uma terra “esquecida e explorada por interesses econômicos espúrios, tirando suas riquezas naturais, sem priorizar a vida do ser humano que ali habita”.

Os bispos relataram os ataques que o bioma, a sua biodiversidade e seus povos vem sofrendo, com destaque para a realidade dos migrantes, do sofrimento provocado pela pandemia e também para os aspectos econômicos, cuja marca é de um povo esquecido e abandonado. Uma realidade que faz com que a pobreza aumente, o que também dificulta a manutenção das estruturas eclesiais.

Segundo Dom Leonardo Steiner a visita foi marcada pela comunhão. “O espírito de comunhão cresceu muito, já vinha crescendo com o Papa Francisco, onde se escuta mutuamente e aonde se dialoga. Esse espírito, ele esteve presente em todos os momentos, ao começar pelo Santo Padre, que depois de ouvir, ele deu sempre uma palavra, e assim em todos os dicastérios”, avaliou.

O Arcebispo de Manaus disse que os representantes dos dicastérios demonstraram admiração frente a extensão de algumas dioceses e proferiram palavras de gratidão aos bispos por viveram de maneira simples, como grandes missionários a serviço da Igreja que se deslocam pelos rios, às vezes quinze viajando dias para alcançar uma última comunidade.

Dom Leonardo destacou que o modo de compreender o serviço da Cúria mudou e que isso é “muito bom para nós que vivemos na região, receber estas palavras de ânimo, especialmente para aquele bispo que vive lá no interior, que precisa lutar tanto para poder alcançar as comunidades, sofre com a questão econômica, com a falta de clero. O arcebispo de Manaus reforçou o bem que a visita fez, com a vivência da comunhão que se criou, as palavras de encorajamento do Papa, insistindo estar conosco. Dom Leonardo, em entrevista ao Vatican News, avaliou ter percebido o crescimento do “Espírito de comunhão”.

*Fonte: Site da CNBB
*Com informações: Padre Modino, via Vatican News e CNBB – Regional Norte

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