Santa Sé: urgente mudar rumo para alcançar objetivo “Fome Zero 2030”

Observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza
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“O problema da fome e da desnutrição no mundo é mais que uma questão de produção”. Em grande parte este é consequência de uma distribuição iníqua das riquezas, de conflitos junto a catástrofes naturais e mudanças climáticas, bem como da “cultura do desperdício” das sociedades consumistas.

Assim se expressou o observador permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, em pronunciamento na assembleia geral das Nações Unidas, em Nova York, sobre o tema “Desenvolvimento agrícola, segurança alimentar e nutrição”.

Fome e insegurança alimentar em aumento 

O pronunciamento do núncio apostólico partiu dos mais recentes dados da ONU sobre a desnutrição crônica e sobre a insegurança alimentar. Infelizmente, eles confirmam a linha de tendência negativa registrada nos últimos tempos e indicam que, sem mudar os passos significativamente nos próximos doze anos, o objetivo “Fome Zero” em 2030 não será alcançado.

Trata-se de um diagnóstico partilhado pela Santa Sé: “A falta de progressos tangíveis nas últimas décadas evidencia as dificuldades de reduzir a fome no mundo abaixo dos 800 milhões, como também a persistente vulnerabilidade de amplas faixas da população mundial aos desastres naturais e às mudanças climáticas”, observou Dom Auza.

Fome é resultado também de uma distribuição dos recursos 

O incremento dos investimentos na agricultura para melhorar sua produtividade e a promoção do acesso aos mercados por parte dos agricultores nos países mais pobres são medidas necessárias, mas não suficientes para inverter essa linha de tendência: a fome e a desnutrição não são um problema apenas de produção. Elas são, em grande parte, consequência de uma distribuição iníqua dos recursos: “Efetivamente, os níveis atuais de produção são mais que suficientes para alimentar toda a população mundial”, disse ainda Dom Auza.

O peso das guerras 

Outro fator-chave por trás do aumento da insegurança alimentar e da fome é a eclosão ou a exasperação dos conflitos, como confirmado pelo Relatório FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) 2017 sobre a situação da segurança alimentar no mundo.

Os conflitos armados não somente aumentam a fome e as penúrias, mas “são fator principal de todas as formas de subdesenvolvimento, de movimentação maciça de população e de graves violações dos direitos humanos”, ressaltou o representante vaticano.

Promover uma cultura da “partilha” contra a do “desperdício” 

Ademais, há a “cultura do desperdício” reiteradas vezes evocada pelo Papa. De fato, essa é a outra face da fome no mundo. Francisco o ressaltara no discurso à FAO de 16 de outubro de 2017, denunciando a tese hoje em voga segundo a qual “bastaria reduzir o número de bocas a serem alimentadas para resolver o problema”.

Na ocasião o Pontífice contrapôs a essa “falsa solução” a solução mais exigente da “partilha” que requer, ao invés, “a conversão”.

Respeitar a dignidade inviolável da pessoa humana 

“A segurança alimentar pode ser alcançada somente no respeito pela dignidade inviolável da pessoa humana e exige que todas as pessoas e as instituições em todos os níveis coloquem em prática o princípio de humanidade, expressão daquela ‘regra de ouro’ que é o amor pelo próximo”, concluiu o arcebispo filipino.

*Fonte: Site do Vatican News

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