O maior dos mandamentos

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As leituras bíblicas do 31º Domingo do Tempo Comum são um dom de Deus. O Evangelho trata da mensagem central para a Igreja e para cada cristão, dada por Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos são dois mandamentos que Nosso Senhor reuniu em um só preceito, resumindo toda a Sagrada Escritura e superando toda a lei e todos os profetas.

O evangelho de São Marcos que estamos lendo sequencialmente nos domingos do corrente ano de 2021, com poucas exceções no calendário, nos apresenta o Senhor em viagem para Jerusalém. Nos domingos passados vimos cenas desta viagem, como o jovem rico que foi incapaz de renunciar às suas riquezas para seguir Jesus; vimos o interesse enganoso de dois apóstolos que queriam os primeiros lugares, a quem o Mestre repreendeu; encontramos o cego Bartimeu, a quem Jesus curou e que O seguiu de perto daí para frente. No último final de semana, o texto revela o fim da viagem. Jesus se encontra em Jerusalém, já em contato com as autoridades do templo. Entre esses, há os que O combatem, os que O incomodam, os que O aceitam.

Naquele episódio, contemplamos uma bela cena. O mestre da lei que procura o Senhor não se apresenta como um opositor, mas como alguém verdadeiramente interessado em conhecer Jesus e Sua palavra. Ele pergunta: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” Sua pergunta faz sentido, pois, segundo os mestres de Israel, essa dúvida poderia ter várias respostas. Poderia ser, por exemplo, “Não farás para ti esculturas…” (Ex 20, 4), ou “Guardem o Sábado…” (Lv 19, 30), e havia Doutores da Lei que ensinavam que o principal seria a chamada regera de ouro: “Não faças a ninguém aquilo que não queres que te façam...”, como está no livro de Tobias (4, 15) e em várias outras partes da Bíblia. Embora Moisés tivesse apresentando as tábuas da Lei com apenas 10 Mandamentos, a esses foram sendo, aos poucos, ajuntados outros preceitos, que chegam a 613 obrigações.

Jesus reponde ao Escriba com uma citação Bíblica que é a mesma lida na Primeira Leitura, do Livro do Deuteronômio 6, 4: “Ouve, Ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor! Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força!” Esse era um mandamento conhecido pelo povo de Israel. Eles se referiam a ele com a palavra “Shemá, que significa “Escuta”, e repetiam-no todos os dias, como nós recitamos o Pai-Nosso e a Ave-Maria.

Mas Jesus não para aí. Ele acrescenta um segundo, necessário para que o primeiro seja autêntico. Esse segundo mandamento é retirado do Livro do Levítico, 19,18: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo“. As palavras seguintes de Jesus são importantes para entender que Ele compreende esses dois mandamentos como um único preceito, pois conclui sua resposta com esta expressão: “Não existe outro mandamento maior do que estes“, usando o singular ao referir-se a isso.

Já a Segunda Leitura, tirada da carta aos Hebreus, apresenta Jesus como o único e verdadeiro sacerdote. Seu sacerdócio não é como o do Antigo Testamento, que era um serviço temporário praticado pelos descendentes da Tribo de Levi, mas um sacerdócio eterno, que oferece um único sacrifício, que é Seu próprio corpo na cruz, Seu sangue derramado, Sua própria vida. Esse é um sacrifício de amor, como Ele mesmo havia dito: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15,13). Também o mesmo São João Evangelista afirmou: “Nisto consiste o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar a vida por nossos irmãos” (1 Jo 3,16). Ou ainda: “Deus tanto amou o mundo que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).

Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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