Dom Roberto José da Silva: mais um filho da Arquidiocese de Juiz de Fora a serviço do Episcopado

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Na tarde do último sábado, 17 de agosto, a Matriz São Miguel e Almas, em Santos Dumont (MG), sediou a ordenação episcopal de Dom Roberto José da Silva, nomeado bispo de Janaúba por Papa Francisco em junho passado. A cerimônia foi acompanhada por milhares de pessoas, que lotaram a igreja e a praça central da cidade.

O ordenante principal foi o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, e os consagrantes, o arcebispo de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, e o arcebispo da Arquidiocese de Montes Claros, Dom João Justino de Medeiros Silva. Concelebraram o bispo emérito de Janaúba, Dom Ricardo Guerrino Brusati, o arcebispo emérito de Sorocaba, Dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues, e o bispo de São João del-Rei, Dom José Eudes Campos do Nascimento.

Dezenas de padres, diáconos e seminaristas de nossa Igreja Particular e de (arqui)dioceses da região estiveram presentes. O momento ainda foi acompanhado por autoridades civis dos municípios de Santos Dumont, Juiz de Fora e Janaúba.

Antes da Santa Missa, os religiosos presentes participaram de uma procissão, que saiu do Colégio Estadual Presidente João Pinheiro, a alguns metros da Matriz São Miguel e Almas. Durante o trajeto, o cortejo chamou a atenção dos transeuntes, aos quais Monsenhor Roberto fazia questão de cumprimentar.

O rito da Ordenação Episcopal

O rito da ordenação teve início após a Liturgia da Palavra, com a invocação do Espírito Santo, a apresentação do eleito e a leitura do Mandato Apostólico – Bula da Eleição ao Bispado de Janaúba. Essas duas últimas etapas foram cumpridas pelos presbíteros assistentes, Padre Tarcísio Marcelino Ferreira Monay e Gil Condé da Silva, que permaneceram ao lado de Monsenhor Roberto no começo da cerimônia.

Em seguida, Dom Gil, no papel de ordenante principal, interrogou Monsenhor Roberto, parte chamada de “propósito do eleito”. O pastor questionou-o sobre a fidelidade no anúncio do Evangelho, a conservação de sua fé e do desejo de edificar a Igreja, permanecer na unidade com o Colégio dos Bispos e cuidar do povo de Deus. A todas as perguntas, o ordenando respondeu “quero”. Depois, teve início a ladainha, durante a qual o bispo de Janaúba se prostrou diante do altar e todos se ajoelharam, pedindo a Deus a Sua graça sobre o servo escolhido para o serviço da Igreja.

Às preces da ladainha procederam-se a imposição das mãos e a prece de ordenação, feitas pelo arcebispo de Juiz de Fora, seguido de todos os bispos presentes. Logo após, o livro dos Evangelhos foi colocado sobre a cabeça de Dom Roberto, que também foi ungida por Dom Gil. Em seguida, juntamente com o Evangeliário, o religioso sandumonense recebeu as insígnias que caracterizam o Episcopado: o anel, colocado no dedo anular da mão direita, a mitra e o báculo pastoral. Depois de receber o abraço da paz de todos os (arce)bispos presentes e ser acolhido, com palmas, pela assembleia, a celebração seguiu com a Liturgia Eucarística.

Primeira bênção e primeiras palavras do novo bispo

Ao final da Santa Missa, Dom Roberto deu a sua primeira bênção episcopal ao povo, acompanhado por Dom Walmor e Dom João Justino. Em sua mensagem, agradeceu a presença de familiares, amigos e fiéis, lembrando-se de forma especial de seu pai, já falecido, Expedito Brás da Silva, e de sua mãe, Lair Maria de Oliveira e Silva, que acompanhou com muita emoção toda a Celebração Eucarística.

“Neste momento, quero externar mais uma vez a minha gratidão a Deus, por ter me salvado do nada, me trazendo à vida e me chamando para cooperar com Ele não obstante minha pequenez, no ministério sacerdotal e, agora, no ministério episcopal. Posso dizer que lá em casa foi o primeiro lugar onde aprendi a reconhecer o Ressuscitado na partilha do pão que meus pais sempre vivenciaram”, ressaltou.

O recém-ordenado bispo recordou a Conferência Jovem São Paulo, onde descobriu sua vocação e o desejo da caridade e da justiça, e ainda falou ao clero juiz-forano, com quem conviveu nos seus quase 25 anos de sacerdócio, e também a Dom Gil, a quem agradeceu a confiança depositada. Durante sua fala, Dom Roberto deu destaque ao Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, onde se formou presbítero e do qual foi reitor durante os últimos três anos.

“Com a memória agradecida e genuflexa, reconheço e agradeço a Deus por sua generosidade para comigo. Pois no meu caminho, na minha história, Ele colocou o Seminário Santo Antônio com uma equipe muito singular, com quem aprendi um modo de ser padre. Aos senhores formadores de então, minha eterna gratidão pela doação de vocês, pela fé de vocês, e sobretudo, por acreditarem na humanidade, em minha humanidade. Tendo trabalhado muitos anos no Seminário, não posso deixar de recordar com gratidão diversas pessoas com as quais convivi e que me ensinaram, pela convivência e com a partilha de dons e limites, a humanidade e a fé”.

Por fim, ele se dirigiu à população de Janaúba, onde tomará posse canônica em 8 de setembro, às 9h. “A Dom Ricardo Guerrino, agora bispo emérito, mais uma vez agradeço pela acolhida fraterna, e neste mesmo ato de agradecimento, gostaria de incluir todos os padres, diáconos, religiosos e religiosas, seminaristas e fiéis leigos e leigas da Diocese de Janaúba”.

O bispo ainda recordou as palavras de Papa Francisco ao comentar a passagem bíblica dos discípulos de Emaús, de onde tirou o seu lema de ordenação episcopal – “Reconheceram-no ao partir o pão” (cf. Lc 24, 13-35). “Assim diz o Santo Padre: ‘Depois Jesus repete aos dois discípulos o gesto central de cada Eucaristia: toma o pão, o abençoa, o parte e o dá. Nesta série de gestos, não está contida toda a história de Jesus? E não há, em cada Eucaristia, também um sinal de que coisa deve ser a Igreja? Jesus nos toma, nos abençoa, ‘parte’ a nossa vida e oferece aos outros, a oferece a todos’ (Francisco, Praça de São Pedro, 24 de maio de 2017). Deste modo, então, desejo que, no pão partido e repartido, em nossas vidas abençoadas, partidas e oferecidas aos outros e a todos, sejamos reconhecidos como discípulos e discípulas de Jesus, e assim, possibilitar, através de nosso agir, o reconhecimento do Ressuscitado”.

Após a celebração, o bispo recém-ordenado recebeu os cumprimentos dos presentes e participou de um coquetel.

Seminário Santo Antônio, berço de bispos para a Igreja do Brasil

Durante sua homilia, o arcebispo metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, recordou os últimos padres chamados ao Episcopado enquanto ocupavam a reitoria do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio. “Estão dizendo por aí que ser reitor do Seminário Santo Antônio se tornou um perigo. Deus já chamou para o episcopado, daquele Seminário, Dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo emérito desta Arquidiocese; Dom Eduardo [Benes de Sales Rodrigues], aqui presente; Dom Walmor, Dom João Justino e agora Dom Roberto. Os outros que se cuidem”, brincou. E completou: “Nossa alegria se redobra pois é nossa Igreja Particular juiz-forana que vem sendo visitada pelo Espírito Santo com especiais chamamentos para o serviço da Igreja. Indo Dom Roberto para Janaúba, numa região missionária de nosso Regional Leste 2, cumprem-se, mais uma vez, os ideais de nossa Igreja local: ‘Arquidiocese de Juiz de Fora, uma Igreja sempre em missão’”.

O pastor ainda comentou o cerne do lema episcopal de Dom Roberto: o Pão Eucarístico. “O tema bíblico que nos irmana nesta festa de hoje é a imagem do pão que Jesus tantas vezes usou para ensinar aos apóstolos, para instruir todos os seus discípulos, para falar sobre as coisas principais e até para identificar-se a si mesmo. Observemos que a Teologia do Pão é basilar, é intrínseca, é conatural à fé cristã. Toda a nossa liturgia é eucarística, é centrada no forte simbolismo do pão”, observou.

“O bispo, sucessor dos apóstolos, é em primeiro lugar, um homem de fé comprovada, ele crê no Senhor Jesus, ele reconhece, aceita, assimila em sua vida tudo o que Jesus realizou. O partir do pão é, para os discípulos de Cristo, sinal característico da ação do Mestre, sobretudo no partir e repartir o alimento material para os que têm fome física, desafiando a nossa caridade, a nossa justiça, e para os que têm fome espiritual, partindo e repartindo o pão eucarístico que é o próprio corpo do Senhor, a comunhão”, ressaltou Dom Gil.

De professor a consagrante

O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, foi professor de Dom Roberto no Seminário Santo Antônio e, não por acaso, foi escolhido como consagrante na liturgia de sábado. “Percorremos um caminho, como ele disse e testemunhou, nos construindo e nos reconstruindo humanamente para repartir a nossa humanidade. Por isso, é uma grande alegria, uma grande emoção e a certeza de que ele vai contribuir de modo muito bonito e fecundo, com o seu jeito bom, simples e manso de ser, para o caminho da nossa Igreja”.

Como bom professor, Dom Walmor deu dicas para o episcopado de Dom Roberto, apesar de reiterar de que “não se dá receita”. “Compartilho com ele, no meu caminho de quase 22 anos de vida episcopal, de quase 42 anos de vida sacerdotal, aquilo que nós sempre comunicamos e que foi a alma bonita do processo formativo do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio: o importante é a gente se repartir, ser próximo. Esse é o segredo. Proximidade, escuta, diálogo e realizar tudo do melhor modo possível, com competência, transparência, mas sobretudo com a força do amor. Este é o segredo de a gente poder ser, onde Deus nos chama, primeiro servidor, doar-se, ser próximo. Não nos pertencer, mas pertencer às pessoas que precisam de nós, aquelas que estão distantes, a todos, para que o mundo creia e se abra ao amor de Deus”.

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirmou que a entidade é a congregação daqueles que são escolhidos para serem sucessores dos apóstolos. “O seu coração é a colegialidade, isto é, o amor, o entendimento entre nós, a cooperação, a solidariedade. E por isso, Dom Roberto, com seu jeito de ser, com o caminho que ele percorreu na formação e na vida do ministério sacerdotal, vem para contribuir com aquilo que é o ouro da Conferência, que é a nossa maior força, nos dando lucidez para fazermos bem tudo aquilo que temos que fazer, porque a Igreja está no coração do mundo para ser sacramento da salvação e para ser servidora da vida e do evangelho de Jesus. Por isso nos alegramos, porque ele fortalece esse espírito, esse grupo, esses sucessores dos apóstolos numa tarefa enorme, desafiadora como a do nosso tempo”.

Colegas de Seminário, colegas de Episcopado

Dom João Justino de Medeiros Silva estudou junto com Dom Roberto no Seminário e, logo depois, puderam trabalhar juntos em paróquia e enquanto formadores. O arcebispo de Montes Claros demonstrou sua satisfação em ser um dos consagrantes da tarde. “Alegria de ver essa Igreja oferecendo mais um dos seus filhos para o ministério episcopal, alegria de reconhecer a história bonita do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, de onde saíram diversos bispos e onde Monsenhor Roberto estava exercendo o ministério de reitor”.

A proximidade entre os bispos continuará, já que a Diocese de Janaúba pertence à Província Eclesiástica de Montes Claros. “Acredito que o Padre Roberto reúne muitas qualidades que, inclusive observadas pela Igreja, o conduziram a esse caminho de ser nomeado bispo. A primeira delas é a sua serenidade: pelo caminho pessoal e espiritual que ele fez, tornou-se uma pessoa com muita sensibilidade para a escuta dos outros, o que faz dele uma pessoa muito serena e sempre muito atenta ao mundo do outro. Isso é tipicamente do evangelho. Jesus é um homem que viveu para os outros. Depois, Padre Roberto, embora seja sereno, não é uma pessoa desanimada, pelo contrário; é proativo, tem muita criatividade, muito vigor e isso mostra esse elemento que é tão importante para quem assume o ministério espiscopal na Igreja, que é de ser pastor”.

Boas-vindas do bispo emérito

Dom Ricardo Guerrino Brusati foi bispo de Janaúba entre 27 de maio de 2015 e 12 de junho de 2019, dia da nomeação de Dom Roberto por Papa Francisco. Será, a partir de agora, bispo emérito. “Faz dois meses que nós soubemos da nomeação de Padre Roberto como bispo de Janaúba e, desde aquele dia, nos organizamos, primeiro, para deixar entrar em nosso coração através da oração, da confiança. Ele vai encontrar um povo que é de fé. Segundo, preparar também tudo o que é necessário para receber o novo bispo, repassar a ele os trabalhos que nós já fizemos, porque é uma diocese jovem – tem 17 anos vivência e deu os primeiros passos. Nós queremos dar, com a ajuda dele, outros passos para continuar na vida pastoral da Igreja de Janaúba. É uma bênção de Deus o que estamos recebendo e vamos agradecer a todos que colaboraram para isto chegar até no meio de nós”.

Segundo Dom Ricardo, o território da Diocese de Janaúba possui cerca de 400 mil habitantes, sendo a maioria dependente economicamente da agricultura e da fruticultura. O clero é composto por 40 padres e o Seminário forma, atualmente, 23 jovens para o sacerdócio.

Primeiras missas do recém-ordenado bispo

A primeira missa de Dom Roberto aconteceu na noite de domingo (18), Solenidade da Assunção de Maria, na Paróquia Nossa Senhora da Glória, em Santos Dumont (MG). Nesta terça-feira (20), o recém-ordenado bispo presidirá celebração na Capela do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio, às 18h.

De 21 de agosto a 1º de setembro, ele visitará outras 11 igrejas em oito cidades da região, despedindo-se da Arquidiocese de Juiz de Fora em Eucaristias realizadas na sua cidade natal. A primeira, pela manhã, na Matriz São Sebastião, onde foi batizado, e a segunda, na Igreja São Miguel e Almas.

Confira a programação de missas:

Dia 20 de agosto – Terça-feira
18h – Capela do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio

Dia 21 de agosto – Quarta-feira
19h30 – Igreja Nossa Senhora Aparecida (Santos Dumont)

Dia 22 de agosto – Quinta-feira
18h – Capela Nossa Senhora Aparecida (Usina – São João da Serra)

Dia 24 de agosto – Sábado
19h – Matriz Nossa Senhora das Dores (Lima Duarte)

Dia 25 de agosto – Domingo
8h – Igreja São Vicente (Borboleta)
19h – Matriz Bom Pastor (Bom Pastor)

Dia 28 de agosto – Quarta-feira
19h – Matriz São João Nepomuceno (São João Nepomuceno)

Dia 29 de agosto – Quinta-feira
19h – Matriz São João Batista (São João da Serra)

Dia 30 de agosto –Sexta-feira
19h – Matriz Nossa Senhora da Glória (Simão Pereira)

Dia 31 de agosto – Sábado
19h – Matriz Nosso Senhor do Bonfim (Aracitaba)

Dia 1º de setembro – Domingo
9h – Matriz São Sebastião (Santos Dumont)
19h – Matriz São Miguel e Almas (Santos Dumont)

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