Centenas de fiéis se reuniram ao longo de toda a sexta-feira, 1º de setembro, em Barbacena (MG), para celebrar pela primeira vez a memória da Beata Isabel Cristina Mrad Campos. Durante o dia, seis missas foram rezadas na capela que, futuramente, será dedicada à Virgem e Mártir barbacenense.
A última celebração do dia foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora, Dom Gil Antônio Moreira, seguida da procissão luminosa. Em entrevista à WebTV “A Voz Católica”, o Pastor Arquidiocesano ressaltou o exemplo que a beata deixou para todos os cristãos, sobretudo aos jovens. “Nascida em Barbacena, martirizada em Juiz de Fora, Isabel Cristina se torna para nós um modelo de vida, de entrega a Deus, de total dedicação às coisas de Deus; por isso Deus a chama através do martírio para a santidade. O exemplo de Isabel Cristina é forte hoje para toda a juventude, para que possa escolher a Deus e defender os valores cristãos”, afirmou Dom Gil.
Já o Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, onde foi celebrada memória da Beata Isabel Cristina, Monsenhor Danival Milagres Coelho, ressaltou a grandiosidade da primeira festa após a sua beatificação. “Sem dúvida cresce em nós a grande expectativa de divulgar ainda mais a devoção à Beata Isabel Cristina. É oportunidade de dar ao povo o conhecimento da vida, das virtudes desta beata – a quem as pessoas recorrem, pedindo a sua intercessão -, mas queremos que elas procurem conhecer mais a história, a vida e, sobretudo, as virtudes desta jovem, para crescer na convicção que todos nós, com a graça de Deus, podemos alcançar a santidade.”
Primeira celebração do dia
Abrindo as celebrações do dia, o Bispo Diocesano de São João del-Rei e Referencial para a Juventude no Regional Leste 2, Dom José Eudes Campos do Nascimento, presidiu a primeira missa em memória da Beata, às 7h. “Cada um de nós, hoje, queremos, ao olhar, para a Beata Isabel Cristina Mrad Campos reconhecer todo o seu martírio, toda a sua vida”, disse, falando que muitos dos presentes deveriam recordar do 1º de setembro de 1982, data do assassinato da estudante.
Em sua homilia, o prelado destacou a alegria em presidir a celebração, definida por ele como um marco. Vale lembrar que Dom Eudes, que também é natural de Barbacena, conheceu a jovem quando trabalhava em um cursinho que ela estudava. Desse período, em vídeo divulgado no site da Diocese de São João del-Rei, ele recordou que a Virgem e Mártir era uma “jovem atenta, disponível, acolhedora a todas as pessoas” e que tinha “alegria em acolher e amparar a todas as pessoas”.
Essa Missa, de modo especial, contou com a participação especial dos integrantes da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), movimento ao qual os pais de Isabel Cristina faziam parte e que ela recebeu e seguiu a inspiração vicentina. “Que bom poder celebrar, junto à família vicentina, essa celebração na caridade, no amor aos pobres e aos mais necessitados. Foi [isso] o que fazia Isabel Cristina Mrad Campos na sua entrega ao serviço do reino, auxiliando e amparando os mais necessitados, vivendo, assim, o exemplo dos seus pais”, acrescentou Dom Eudes.
Missa presidida por Dom Airton
A segunda celebração do dia, às 9h, foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos. Em sua pregação, ele explicou que somente as Arquidioceses de Mariana e Juiz de Fora, territórios onde a Beata, respectivamente, nasceu e sofreu o martírio, estão autorizadas pela Santa Sé a celebrar essa memória litúrgica e propagar o culto publicamente.
Na reflexão do Evangelho, Dom Airton destacou que a liturgia convidava a cada um de nós a seguir o caminho da santidade, como feito por Isabel Cristina. “Precisamos trilhar o caminho da santidade, da oração, do compromisso com Deus, da vida sacramental, da solidariedade com os que mais sofrem e da presença amiga no meio das pessoas para sermos uma transparência do amor de Deus para com todos”, frisou. Ele também retornou à primeira leitura, do livro de Apocalipse, que fala sobre os mártires, para ressaltar que, para os que creem e buscam a santidade, tudo é começo, nada é o fim: “Não podemos ter medo! Não podemos ter medo de Deus!”, afirmou.
Por fim, o Arcebispo Metropolitano de Mariana expressou seu contentamento em celebrar essa data. “Alegremo-nos neste dia, em que celebramos o martírio da nossa Beata Isabel Cristina. 1º de setembro é o dia do seu martírio, ou seja, do seu nascimento para Deus […], entregando a sua vida por amor a Deus e por amor aos valores do Evangelho”.
Demais celebrações
A Beata Isabel Cristina nasceu em uma família com descendência libanesa. Por essa razão, uma missa em rito maronita foi realizada, às 12h, pelo Bispo Referencial para o Rito Maronita no Brasil, Dom Edgard Mardi. A celebração contou com a participação expressiva da comunidade libanesa e seus descendentes, incluindo o irmão da Virgem e Mártir, Paulo Roberto Mrad Campos.
Ainda, outras duas celebrações foram realizadas antes do encerramento da festa: às 15h, presidida pelo Bispo Emérito de Oliveira (MG), Dom Francisco Barroso Filho, e às 17h, pelo Padre Sebastião Cesar Moreira, OCS.
Participação expressiva
Em todos os horários, a capela esteve repleta de fiéis participando ativamente e com muita piedade das celebrações. Para o jovem João Vitor Sansoni, 15 anos, da Paróquia Sant’Ana, de Carandaí (MG), “participar da festa em honra à Beata Isabel Cristina, que foi jovem leiga de muita fé, é uma experiência enriquecedora para mim e para todos os jovens. Ela nos mostra em sua história que a vida de santidade é para todos, uma oportunidade de nos conectarmos com toda a história dela, tornando-a um modelo de fé para todos nós, jovens. Uma Beata cuja vida e virtudes ressoam com os nossos próprios desafios e valores”.
Devota da Beata Isabel Cristina desde 2020, quando o Papa Francisco reconheceu o seu martírio, a jovem Ana Clara Julio Barros, de 18 anos, também de Carandaí, disse que “é um momento de graça poder celebrar sua festa e compreender que, tudo o que ela viveu, a fez estar ao lado de Cristo, nos altares da Igreja. É uma alegria celebrar um exemplo de jovem, mulher e cristã”.
Para Ana Clara, a história de Isabel Cristina é uma inspiração, pois, mesmo sendo tão jovem, ela foi capaz de doar sua vida por Cristo. “Muitas vezes achamos que não é possível viver nossa juventude seguindo a Deus, porém Isabel veio para nos mostrar que a alegria de ser jovem está, justamente, em viver o que Ele prega. Minha devoção pela Beata surgiu por isso, pelo desejo de aproveitar ao máximo minha juventude servindo a Cristo, tendo a certeza de que Ele é o verdadeiro sentido da vida e, assim como ela, permitir que Cristo renasça a todo momento em meu coração”, declarou.
*Com informações da Arquidiocese de Mariana e WebTV “A Voz Católica”